segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Pedro Cabrita Reis


Não considero o triângulo galeria / crítico (curador) / colecionador válido. A validação dos artistas faz-se pelos artistas, circuito museológico, curatorial, críticos, etc., e finalmente colecionadores, por esta ordem e não outra.

O colecionismo é uma obsessão, é uma busca incessante de uma construção de um modelo de entendimento do mundo através das obras de arte. É uma espécie de novo mundo, isto é, ele reconstrói um entendimento da história, da sua própria posição no mundo através das obras de arte que vai trazendo para si. O colecionador acaba por ser “compagnon de route” dos artistas, e são acolhidos pelos artistas no seu seio, são respeitados e acabam por se transformar em parte integrante da vida dos artistas e da história de arte.

As galerias têm como preocupação fundamental artistas legitimados historicamente, que são digamos os seus investimentos seguros e ao mesmo tempo à parte disso estão sempre a lançar para a fogueira, coitados que não sabem disso, uma série de artistas novos que são queimados época após época, sem terem pensado antes nisso e deixam-se ir no canto da sereia das galerias, na expectativa de terem uma oportunidade para alcançar a fama, há uma logica de marketing de produtos novos, os galeristas sentam-se à porta das escadas das Belas Artes à espera deles, fazem uma exposição e mandam-nos para casa outra vez, à espera da próxima.

As feiras de arte e as bienais e o próprio sistema está preparado para isso, para uma rapidíssima rotação de nomes no sentido de alimentar um apetite perverso e voraz de novidade por parte do mercado de arte, que se destina a criar mais-valia, isso é economia, não tem nada a ver com arte.

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