Não considero o triângulo
galeria / crítico (curador) / colecionador válido. A validação dos artistas
faz-se pelos artistas, circuito museológico, curatorial, críticos, etc., e
finalmente colecionadores, por esta ordem e não outra.
O colecionismo é uma
obsessão, é uma busca incessante de uma construção de um modelo de entendimento
do mundo através das obras de arte. É uma espécie de novo mundo, isto é, ele
reconstrói um entendimento da história, da sua própria posição no mundo através
das obras de arte que vai trazendo para si. O colecionador acaba por ser “compagnon de route” dos artistas, e são acolhidos pelos
artistas no seu seio, são respeitados e acabam por se transformar em parte
integrante da vida dos artistas e da história de arte.
As galerias têm como preocupação
fundamental artistas legitimados historicamente, que são digamos os seus
investimentos seguros e ao mesmo tempo à parte disso estão sempre a lançar para
a fogueira, coitados que não sabem disso, uma série de artistas novos que são
queimados época após época, sem terem pensado antes nisso e deixam-se ir no
canto da sereia das galerias, na expectativa de terem uma oportunidade para
alcançar a fama, há uma logica de marketing de produtos novos, os galeristas
sentam-se à porta das escadas das Belas Artes à espera deles, fazem uma
exposição e mandam-nos para casa outra vez, à espera da próxima.
As feiras de arte e as
bienais e o próprio sistema está preparado para isso, para uma rapidíssima
rotação de nomes no sentido de alimentar um apetite perverso e voraz de
novidade por parte do mercado de arte, que se destina a criar mais-valia, isso
é economia, não tem nada a ver com arte.
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