Reconhecer a contribuição do
capitalismo artístico, assim como os seus fracassos, é o objetivo deste livro, de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy.
O objetivo deste livro é teórico,
abre, no entanto, um espaço amplo à aproximação empírica dos factos estéticos ligados
ao mercado. Em vez de se deterem numa leitura puramente conceptual ou
teoricista, dedicam-se deliberadamente a apoiar as teses avançadas através das
análises descritivas dos múltiplos domínios da estética hipermoderna. Na medida
em que a ordem do capitalismo artístico se infiltra em todos os sectores
relativos ao mundo consumista, seria necessário mostrar a coerência do conjunto
do sistema e do seu funcionamento concentrando-se o mais próximo possível da
diversidade das realidades criativas e imaginárias, organizacionais e
individuais. Daí os cruzamentos entre macroscópico e o microscópico, o “abstrato”
e o “concreto”, o teórico e o descritivo, mas também entre a longa duração e o contemporâneo.
Favorecendo apenas a
rentabilidade e o reino do dinheiro, o capitalismo surge como um rolo
compressor que não respeita nenhuma tradição nem venera qualquer princípio
superior, seja ele ético, cultural ou ecológico. Sistema dirigido por um imperativo
de lucro, não tem outro objetivo senão ele próprio, a economia liberal
apresenta um aspeto niilista cujas consequências não são apenas o desemprego e
a precarização do trabalho, as desigualdades sociais e os dramas humanos, mas
também o desaparecimento de formas harmoniosas de vida, o desvanecimento do
encanto e o prazer da vida social. Riqueza do mundo, empobrecimento da existência;
triunfo do capital, liquidação das boas maneiras; grande poder da finança,
proletarização dos modos de vida.
O capitalismo aparece, assim,
como um sistema incompatível com uma vida estética digna desse nome, com a
harmonia, com a beleza, com uma vida boa.
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