Alguns dos protagonistas da abstração norte americana do pós-guerra não compartem o caracter gestual do expressionismo abstrato e optam pelo desenvolvimento de linguagens geométricas, em especial os artistas alemães emigrados nos Estados Unidos da América na década de 1930. Entre eles destacam-se Josef Albers (1888 – 1976), antigo professor da Bauhaus que permaneceu sempre fiel ao espírito construtivo desta prestigiosa escola que reconciliou a claridade geométrica com formas abstratas mais expressivas.
Em 1938 começou sua série intitulada Mulheres, que causou
sensação no circuito artístico, com um tema que se tornaria recorrente em sua
produção.[5] Na década de 1940 juntou-se a um grupo de artistas, incluindo
Jackson Pollock, Franz Kline, Robert Motherwell, Adolph Gottlieb, Ad Reinhardt,
Barnett Newman e Mark Rothko, que formariam a chamada Escola de Nova Iorque.
Eles lutavam para encontrar um caminho pessoal que superasse as grandes
correntes da época, como o cubismo, o surrealismo e o regionalismo. Seus gestos
emotivos e peças abstratas foram o resultado de sua tentativa de se distanciar
dos outros movimentos. O estilo que eles inauguraram se tornou conhecido como
expressionismo abstrato ou action painting.
Manuel Pereira da Silva compartilha com Willem de Kooning um interesse profundo pela figura feminina e pela integração de temas figurativos com preocupações abstratas. Em suas obras, Manuel Pereira da Silva frequentemente explora temas como mulheres sentadas, mulheres reclinadas, maternidade, família e casais. Embora as figuras em suas obras muitas vezes sejam quase completamente dissolvidas na abstração, há uma presença constante de referências figurativas percetíveis, indicando uma ligação inquebrável com a representação do humano.
De
Kooning, por sua vez, iniciou sua famosa sequência de pinturas de mulheres com
"Woman I," que é considerada uma das revisões mais agressivas da
figura feminina na história da arte. Esta série começou como um estudo para um
retrato encomendado que nunca foi concluído, servindo como um veículo para
explorar a fusão de temas figurativos com a abstração. Suas distorções
anatômicas intencionais refletem a influência de Pablo Picasso, enquanto as
figuras femininas também evocam as mulheres sensuais de Jean-Auguste-Dominique
Ingres, com seus corpetes justos e traços delicados.
Manuel
Pereira da Silva, apesar de seu foco principal em escultura, também manteve uma
produção significativa de pinturas e desenhos em que o corpo feminino é um tema
recorrente. Assim como de Kooning, suas representações femininas não são
retratos realistas, mas sim interpretações que combinam a figuração com
elementos abstratos. Esta abordagem permite uma expressão mais livre das
emoções e das poéticas visuais do artista, afastando-se da mera representação
literal e entrando no domínio da sugestão e da evocação.
Portanto, enquanto De Kooning é conhecido por suas abordagens mais agressivas e expressivas da figura feminina, Manuel Pereira da Silva explora esses temas de maneira que as figuras, mesmo quase dissolvidas na abstração, mantêm uma referência percetível, revelando sua profunda conexão com a figuração e os temas humanos.