Durante os anos centrais do século XX, a arte europeia passou
por uma transformação significativa. Embora os seguidores dos informalismos
europeus enfatizassem a textura e a irregularidade, emergiram novas linguagens
figurativas que configuraram uma imagem do homem contemporâneo por meio de
novos padrões de liberdade expressiva.
Lucian Freud e Henry Moore
Para os britânicos, o ser humano tornou-se um tema central.
Lucian Freud, por exemplo, destacou-se por suas representações intensamente
realistas e detalhadas do corpo humano. Suas pinturas capturavam a
vulnerabilidade e a fisicalidade da figura humana, revelando tanto a beleza
quanto as imperfeições do corpo. Henry Moore, por outro lado, explorou a forma
humana através de suas esculturas monumentais e abstratas, que frequentemente
remetiam a formas orgânicas e primordiais. As obras de Moore combinavam o figurativo
com uma linguagem plástica que aproximava a abstração da matéria, resultando em
uma síntese inovadora e expressiva.
Manuel Pereira da Silva
Em Portugal, Manuel Pereira da Silva seguiu essa tendência.
Sua obra combinava o figurativo com uma linguagem plástica próxima à abstração
da matéria, criando uma ponte entre a representação humana e a exploração
abstrata dos materiais. Suas esculturas capturavam a essência da forma humana
enquanto exploravam novas possibilidades de expressão plástica.
Francis Bacon e Alberto Giacometti
Outros artistas deste período foram marcados por um
sentimento de pessimismo e ansiedade, provocado pelas crises das duas guerras
mundiais. Esses artistas impuseram um novo sentido de alienação do corpo,
representando-o de maneiras distorcidas e machucadas. Francis Bacon, por
exemplo, é conhecido por suas representações de figuras inumanas e
perturbadoras, que parecem aprisionadas em um estado de sofrimento perpétuo.
Suas obras refletem uma visão sombria e desesperançada da condição humana.
Alberto Giacometti, por sua vez, retratou o corpo humano de
maneira desintegrada, com suas figuras evanescentes e longilíneas que parecem à
beira da dissolução. Suas esculturas esguias e frágeis capturam um sentimento
profundo de alienação e desesperança, simbolizando a fragilidade da existência
humana diante das crises do século XX.
A arte figurativa europeia do pós-guerra é marcada por uma
busca por novas formas de expressão que capturam a condição humana em sua
plenitude. Artistas como Lucian Freud, Henry Moore, Manuel Pereira da Silva,
Francis Bacon e Alberto Giacometti exemplificam as diversas abordagens e
sensibilidades deste período. Enquanto alguns buscaram uma síntese entre o
figurativo e a abstração, outros exploraram a alienação e o sofrimento humano,
refletindo as complexidades e as incertezas da era pós-guerra.