O facto de haver várias
coleções feitas sem critério desde meados dos anos 80 para cá, em Portugal,
foram compradas por aconselhamento às vezes não muito bom. Estas coleções foram
feitas em geral num curto espaço de tempo, de cinco a dez anos. Uma outra
realidade, refere, é a coleção feita ao longo de vários décadas, vinte, trinta
anos, pensadas, e geralmente melhor sucedidas em termos de investimento. Pela
sua experiência também ligada ao mercado de antiguidades, as coleções de família,
de gerações, que englobam, para além da pintura, o mobiliário, as pratas, as
porcelanas, são uma tradição de um determinado tipo de colecionismo em Portugal
que desapareceu.
Relativamente ao
colecionismo de arte Fernando Santos aponta a escassez de colecionadores: não
há muitos colecionadores. “Há poucas coleções a que se possa chamar coleção.” E
salienta como boas coleções a de Ilídio Pinho, com cerca de 700 obras,
lamentando o facto de este projeto ter parado. A coleção Berardo também é
mencionada como sendo uma boa coleção.
Jaime Isidoro, em 2004,
sobre o colecionismo em Portugal afirmava “não há ou há pouco. Há duas grandes
coleções de artes portuguesa, que é a minha, com cerca de 500 peças, feita ao
longo de 50 anos, e a do Manuel Brito, fui eu que iniciei Jorge de Brito. A
coleção Berardo não é de arte portuguesa, a arte portuguesa está mal
representada.
Manuel de Brito refere em
2005 a escassez de colecionadores “não há muito. Há o grupo de advogados o
Saragga Leal”.
Pedro Alvim refere também esta
tradição de colecionismo de arte clássica e de antiguidades como sendo uma
realidade ao longo de todo o Estado Novo.
Para Peter Meerker o reflexo
da crise económica no mercado da arte em Portugal, já de si estreito, a
situação é dramática. “Nós vamos às galerias e não há vendas, o mercado é
estreitíssimo.” O papel do colecionador é muito importante porque as suas
coleções estão depositadas em museus, se analisamos a história e virmos as
grandes obras de arte em todo o mundo, na sua génese elas começaram por ser
adquiridas por um colecionador.
Joe Berardo refere que a
aquisição inicial das obras foi feita pelo Francisco Capelo, aproveitando uma
conjuntura favorável de baixa de preços em finais dos anos 80. A arte
portuguesa, em 2003, estava representada com cerca de 40 obras num total de cerca
de 660.
Hargreaves, Manuela – Colecionismo e Mercado de Arte em Portugal,
O Território e o Mapa. Porto: Edições Afrontamento, 2013.