sexta-feira, abril 13, 2018

O barroco pronunciou a modernidade


A ideia comum sobre o barroco é que é um tema irregular, obsoleto, exagerado e necessariamente realengo, afiliado à inquisição, alinhado com a escravidão e o colonialismo. E aqui eu gostaria de refletir um pouco. Algures no final do Renascimento, no mundo ocidental, começa a democratização da arte e o barroco, paradoxalmente, contribuiu para este processo. Resultando da intenção reacionária de reafirmação do poder da igreja e da monarquia, o conceito barroco, usando ouro, ilusão, escultura e decoração, procura comunicar com o gosto popular. Assim foram levadas ao máximo impacto e escala todas as formas de arte, da arquitetura à música, para patentear a magnificência do reino celestial, resultando na confirmação da beleza e do prazer da existência terrena, acabando enfim com os restos do ascetismo gótico. Pretendendo transmitir uma mensagem à população analfabeta, o barroco difundiu conhecimento e iluminismo; inspirado pela ciência e pelas descobertas do mundo, o barroco pronunciou a modernidade.

Este é um excerto do texto do catálogo da autoria de:
Madina Zingashina, curadora do projeto ART-MAP Braga 2017

1 comentário:

Avó Ofélia disse...

Boa noite
Sabe dizer-me se o painel de azulejos em relevo que está no exterior do Hotel Presidente em Luanda também é da autoria do escultor Manuel Pereira da Silva?
Muito obrigada
Ofélia