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quarta-feira, janeiro 24, 2024

Escultura Abstrata no Leilão de Esculturas e Obras de Arte nº 3333 / Lote 4 da Artbid

 





Artbid – Leilão nº3333 / Lote 4 - Esculturas e Obras de Arte
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Família
Gesso sobre estrutura de alumínio
Assinada e datada de 1960
Dim.: 163 cm x 63 cm x 40 cm
Esta obra integrou a Exposição “Envolvências…” de Manuel Pereira da Silva, realizada de 12 de março a 23 de abril de 2011, na Casa-Museu Teixeira Lopes/Galeria Diogo Macedo.

sábado, julho 23, 2022

P55 – A Plataforma de Arte – ID 9389625

 


P55 – A Plataforma de Arte – ID 9389625
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem Título, 1959
Gesso sobre estrutura de alumínio
Dim.:34cmx150cmx28cm


sexta-feira, abril 08, 2022

Artbid - Leilão 2234 / Lote 2 MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)

 


Artbid - Leilão 2234 / Lote 2
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Maternidade
Gesso sobre estrutura de alumínio
1965
Assinado
106 cm x 54 cm x 50 cm


Esta obra integrou a Exposição "Envolvências...", Casa-Museu Teixeira Lopes, 2011.


No átrio da entrada do edifício da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia esta escultura esteve em exibição durante o período Natalício, inseridas no programa “Natal com Arte – Gaia 2011”.


Esteve incluída na edição de agosto / setembro de 2013, edição 54, na Aesthetica - The Art & Culture Magazine, no Diretório dos Artistas na revista e no diretório on-line.








domingo, março 20, 2022

Artbid - Leilão 2218 / Lote 3 MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)

 


Artbid - Leilão 2218 / Lote 3
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Sem título
Gesso sobre estrutura de alumínio
Assinado, 1961
112 cm x 54 cm x 36 cm


sexta-feira, outubro 01, 2021

P55 – A Plataforma de Arte – ID 6557789

 


P55 – A Plataforma de Arte – ID 6557789
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem título, 1960
Gesso sobre estrutura de alumínio.
Assinado e datado de 1960.
Dim.:53cm x 140cm x 30cm.


segunda-feira, setembro 20, 2021

P55 – A Plataforma de Arte - ID 6454124

 


P55 – A Plataforma de Arte - ID 6454124
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem Título, 1960 
Gesso sobre estrutura de alumínio 
Dim.:72cm x 90cm x 34cm


sexta-feira, agosto 20, 2021

P55 – A Plataforma de Arte – ID 6201224

 


P55 – A Plataforma de Arte – ID 6201224
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem Título, 1958 
Gesso sobre estrutura de alumínio
Dim.:43cm x 120cm x 35cm


segunda-feira, agosto 09, 2021

P55 – A Plataforma de Arte - ID 6110695

 


P55 – A Plataforma de Arte - ID 6110695
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem título, 1958
Gesso sobre estrutura de alumínio.
Dim.:40cm x 108cm x 30cm.


sexta-feira, julho 23, 2021

P55 – A Plataforma de Arte - ID 5987249

 


P55 – A Plataforma de Arte - ID 5987249
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Sem título
Gesso sobre estrutura de alumínio.
Assinado e datado de 1959.
Dim.: 50cm x 97cm x 30cm.

domingo, abril 26, 2020

Esculturas em exposição da obra do Escultor Manuel Pereira da Silva



Esculturas em exposição da obra do Escultor Manuel Pereira da Silva na Junta de Freguesia de Avintes, inaugurada no mês de Avintes.

terça-feira, agosto 06, 2019

A Escola de Belas Artes do Porto


Após a passagem pela Escola Industrial Faria de Guimarães, Arlindo Rocha iniciou o Curso Especial de Escultura, na Escola de Belas Artes do Porto, numa altura em que o ensino nas Belas-Artes, implicava uma formação inicial, fundada nos valores do desenho, proporcionando aos alunos, depois de quatro anos de aulas intensivas de desenho de cópia, iniciarem o estudo de modelação, igualmente através da cópia do antigo; logo depois de concluir o Curso Especial, Arlindo concorre ao Curso Superior de Escultura na mesma escola. Acompanhando uma reforma de ensino, que visava modernizar o mesmo, Arlindo Rocha foi aluno de professores como Rodolfo Pinto do Couto, Carlos Ramos, Dórdio Gomes e Joaquim Lopes.

Nesta época, o responsável pela disciplina de Escultura é Rodolfo Pinto do Couto (1888-1945); discípulo de Teixeira Lopes, Pinto do Couto foi, enquanto pintor e escultor, um fiel seguidor do ensino das normas clássicas, apresentando como programa para o curso de Escultura um estudo aprofundado da figura humana, dando continuidade à Escola do seu Mestre, que viria desde Soares dos Reis. 

Durante cinco anos, os alunos respondiam aos vários exercícios de cópia dos modelos do antigo, modelando em barro pequenas estatuetas, as quais ao longo do curso evoluíam para exercícios de maior porte. O barro, dotado de uma grande plasticidade, oferece pouca resistência ao movimento da mão, livre de grandes cuidados, ou de grandes utensílios para ser trabalhado, tornando-se na matéria de eleição para os estudos de escultura, permitindo uma evolução gradual no trabalho de imitação de referentes naturais. Esta matéria, capaz de satisfazer as duas mais importantes condições para um escultor – sujeitar-se a todas as formas que lhe precisa de dar e conservar essas formas de maneira quase inalterável – convertendo-se no material de eleição para estudos de escultura, possibilitando ainda a realização de exercícios de pequena, média e grande escala. 

A aprendizagem do corpo humano iniciava-se com estudos que partiam da cópia de fragmentos de cabeças e extremidades do corpo humano em gesso, retratados numa primeira fase, em exercícios de relevo, onde os alunos tinham como objetivo aprofundar o domínio dos contornos aparentes e volumes ilusórios cuja preocupação recaía em maior parte sobre a vista frontal do relevo, podendo então o aluno evoluir, mais tarde, para figuras de vulto redondo, no qual o estudo de perfis é mais aprofundado. Da observação e representação do pormenor, os alunos chegavam à composição da figura completa no fim do curso, para além das cópias dos modelos de gesso antigos, sendo que, apenas no terceiro ano, se introduzia o estudo do modelo vivo, proporcionando assim aos alunos um domínio pleno na representação das formas do real. Na escultura, os materiais definitivos mais habituais são a pedra e o bronze, apesar de nesta altura estarem a ser introduzidos materiais industriais ou alternativos, considerados como materiais pobres. 

O atraso na procura de materiais ditos modernos para a realização de escultura está relacionado, por um lado, com o facto de Portugal se encontrar “fechado” às evoluções a que se assistia na Europa, e, por outro, com a ausência de disciplinas tecnológicas nas Escolas de Belas Artes. Seguindo o modelo de programa idêntico ao das escolas francesa e italiana, não cabia à Academia passar o conhecimento das tecnologias da escultura como a pedra, a madeira ou a fundição. Podemos dizer que a escultura era tida apenas como modelação. 

A preocupação de maior, seria induzir os alunos em disciplinas teóricas, como a Composição, deixando de parte as técnicas de “reprodução”. O talhe direto não era entendido como possibilidade de execução de obra final, mas sim como um meio ou técnica de reprodução da peça original, modelada. As técnicas da escultura eram por isso entregues a profissionais especializados, que muitas vezes tinham formação enquanto escultores, mas que carregavam em si uma tradição antiga e familiar de canteiros e santeiros, cujos usos e costumes os dotavam de uma sabedoria inalcançável em tão poucos anos de curso numa Escola de Belas-Artes. 

Os alunos de escultura, após a realização dos seus modelos em barro, acompanhavam o trabalho de formadores, responsáveis pela realização dos moldes, permitindo depois a passagem a gesso do estudo inicial. Porém, o gesso não oferece a mesma durabilidade que uma matéria nobre; aprender a dominar uma tecnologia, como a pedra ou o processo da fundição, era apenas possível àqueles que conseguiam estagiar posteriormente no ateliê de grandes mestres, que passavam aos seus discípulos os saberes, a tecnologia e as ferramentas adaptadas que evoluíam a grandes passos, tornando o trabalho de desbaste ou de fundição cada vez mais simplificado e rápido, o que irá influenciar em parte a tendência de síntese e de procura de uma linguagem pessoal do artista.

Logo após a morte de Pinto do Couto, Barata Feyo (1899-1990) toma o lugar de regente da Escultura, provocando uma série de alterações pedagógicas, iniciadas em 1949, com o objetivo de alargar o fechado ciclo académico em que o ensino da escultura se encontrava. Com a ação criativa e pedagógica de professores como Carlos Ramos, Joaquim Lopes e Dórdio Gomes, os alunos obtêm uma maior tolerância ideológica, a qual unida às iniciativas de exposições, que se realizavam de forma a unir professores e alunos numa arte tida como vanguardista, dão corpo à tentativa de modernizar o ensino portuense face à escola de Lisboa, onde se viviam os valores e as bases académicas seguidas por Simões de Almeida, Tio e Sobrinho e depois por Leopoldo de Almeida. Contudo, o ensino do Porto apenas pode ter em conta o alargamento dos ensinos da escultura, que então se encontrava em expansão, e que dera origem à construção de novos pavilhões, que tinham como objetivo introduzir os alunos nas mais variadas tecnologias. Os valores e as disciplinas teóricas permaneciam com a mesma ligação aos valores clássicos, apenas traduzidos em soluções modernas. A aprendizagem e as próprias avaliações deixam de estar balizadas por exercícios de modelos, podendo o aluno explorar e aprofundar novos temas e problemas da arte que surgiam em simultâneo com as vagas modernistas que se praticavam de forma vigorosa fora do país.

A formação académica de Arlindo Rocha acaba por ser levada, involuntariamente, pelos caminhos do «ensino hermético da morfologia humana», como podemos observar nas esculturas que realiza durante este período, dotadas de uma grande influência clássica, próximas do cânone grego, como é o caso de Juventude, um retrato de colega passado a gesso, baseado num processo de mimese; ou seja, através da representação direta, onde a idealização formal vai ao encontro do belo, carecendo a obra de elementos capazes de caracterizar o “estilo” do escultor. Curiosamente, passados quatro anos, Arlindo volta a este mesmo tema, idealizando um outro retrato intitulado igualmente de Juventude, onde tenta, de uma forma primária, libertar-se de volumes concretos que compõem um rosto humano. Desta vez, o rosto é feminino, composto de planos facetados, resultando de uma sintetização de formas e volumes, proporcionando ao escultor um primeiro exercício de libertação formal, afirmando aqui o contraste de idealização comparada à primeira Juventude, realizada em 1943, quando ainda aluno na EBAP. Neste trabalho percebemos que Arlindo Rocha procura libertar-se das formas da natureza como referentes, iniciando um processo de interiorização, no qual começa por idealizar os volumes orgânicos, que compõem um rosto, como volumes concretos, através de planos geométricos, iniciando o escultor num percurso que se demonstraria, mais tarde, uma afirmação formal e abstrata da escultura.

Arlindo Rocha afirma ter começado a aprender escultura quando deixaram de lhe a ensinar, não por desprezar a sua formação académica, mas por se interessar, desde cedo, pela possibilidade de desmaterialização da escultura, procurando assim novas respostas para uma prática escultórica nunca antes explorada em Portugal. Esta pesquisa pessoal seria, no entanto, dificultada quer «pelo longo estágio em volta de objetos somente vistos», quer pelo «clima de completa estagnação e absoluta falta de informação, que os alunos procuravam quebrar com iniciativas próprias».

Arlindo Rocha realiza a sua obra de fim de curso apenas em 1951, onde apresenta, para avaliação, um relevo alusivo à morte de António Francisco Ferreira da Silva Porto (1818-1890). Tratava-se de um baixo-relevo, que faria parte integrante do Monumento a Silva Porto – O Pioneiro, o qual Arlindo, juntamente com o arquiteto Vasco Vieira, se encontrava a desenvolver, para erigir na cidade de Silva Porto, Bié.

Devido às dimensões do seu trabalho final, Arlindo Rocha requer ao Director da Escola de Belas Artes do Porto a realização do relevo no ateliê onde trabalhou até 1956. Tratava-se do ateliê do escultor Henrique Moreira (1890-1979), instalado ao fundo do Jardim Arnaldo Gama, que Arlindo partilhou com o amigo Manuel Pereira da Silva (1920-2003). Com um percurso dentro de uma estética realista, Henrique Moreira era um escultor também da antiga escola, cujo modelar académico é completamente visível nos seus trabalhos, particularmente naqueles que resultaram em fundição, mas que deixa visível uma certa influência da Arte Déco, quando talha a pedra, em particular as figuras femininas. Não podemos, por isso, afirmar que Henrique Moreira tenha transmitido a Arlindo qualquer característica da sua forma de pensar ou fazer escultura. Porém, seria interessante fazer o estudo da vivência do escultor Henrique Moreira com os seus discípulos, uma vez que, apesar da sua evidente admiração pela linguagem clássica, esse convívio parece ter deixado impressiva marca nos dois discípulos os quais, de forma diversa, se dedicaram à procura de uma linguagem pessoal, dentro uma linguagem de cariz abstratizante. 

Na foto vemos de frente Arlindo Rocha e de costas Manuel Pereira da Silva, no atelier de Henrique Moreira.

Obtendo a nota final de 17 valores, o referido trabalho de final de curso reúne em si a composição e idealização clássicas, com uma conceção mais sintetizada, que nos relembra um pouco o trabalho do seu colega de ateliê, Manuel Pereira da Silva. Com a maior simplicidade e resultante de um demorado processo de sintetização, o homenageado é representado sem vestes, envolto apenas numa bandeira, figurando a nota biográfica da morte de Silva Porto. O corpo e a bandeira são de um contraste de claros e escuros absolutos, para um trabalho quase sem modelação volumétrica, assemelhando-se a uma incisão de desenho no próprio granito. O resultado final, podemos considerar, vai ao encontro de um trabalho contemporâneo para o seu tempo, uma vez que não se baseia na modelação, mas no talhe direto, em que apenas duas maquetas, à escala, foram realizadas anteriormente. Através da criação de planos e linhas cortantes, escavadas em profundidade na pedra, Arlindo obtém os contrastes necessários à perceção do seu tema, não tendo assim de se preocupar em realizar a passagem de luz entre volumes orgânicos, o que reforça um pouco a aparência mais geométrica deste relevo, que se aproxima da linguagem pessoal do artista, que se vinha a afirmar em dois campos distintos da escultura, um mais figurativo e outro desprovido de figuração, oi mais próximo de um esquematismo e antítese formais. 

Num meio onde as notícias sobre as principais figuras da Arte Contemporânea eram escassas, valia a estes jovens a partilha, por entre tertúlias, das experiências pessoais durante viagens ou mesmo a troca de revistas internacionais, raras na época, o que faz com que os ecos do modernismo em Portugal assumam uma grande importância. Os jovens estudantes procuravam conhecer os novos valores da arte que se fazia e vivia fora do país. Nesta geração portuense evidenciam-se vários nomes, os quais constituiriam um grupo particular: Fernando Lanhas, Nadir Afonso, Arlindo Rocha, Fernando Fernandes, Amândio Silva, Manuel Pereira da Silva, Altino Maia, Eduardo Tavares, entre outros. São jovens estudantes, da Escola de Belas Artes do Porto, que realizaram um conjunto de exposições Independentes, manifestando assim uma vontade de descentralização cultural, além das iniciativas de maior visibilidade e impacto que aconteciam quase de forma exclusiva na capital.

Em 1943, este grupo de estudantes da Escola do Porto resolve unir-se contra os grandes centros de exposições que decorriam quase de forma exclusiva na capital. Com o nome de Independente, a primeira exposição decorre nas instalações da própria Escola de Belas Artes do Porto, contando com a presença quase exclusiva de alunos.

Fernando Lanhas expõe, nas Independentes, as suas primeiras experiências abstratas, sugerindo mesmo aos colegas a experimentação do vasto campo da abstração. Ao mesmo tempo que Lanhas mostra as suas pinturas abstratas, Arlindo Rocha, que à data assinava como Arlindo Gonçalves, apresenta as suas primeiras experiências abstratizantes no campo da escultura.

O grupo expande-se cedo, abrindo portas a professores ou artistas que demonstrassem vontade de prosseguir essa vontade de descentralização cultural, através de várias iniciativas, nas quais é evidente a recusa à filiação de um estilo.

As Exposições Independentes assumem justo valor, por constituírem uma primeira ação coletiva à época, mesmo não estando estruturada sob uma vanguarda definida, inaugura um diálogo inovador no campo da arte portuguesa, proporcionando condições favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento da tendência abstratizante.

Ana Luísa Oliveira
MESTRADO EM ESCULTURA PÚBLICA


A Escultura em Portugal na primeira metade do séc. XX


O início do séc. XX em Portugal foi marcado por um período instável devido à sucessiva queda e posse de governos durante a Primeira República (1910- 1926). A sociedade portuguesa encontrava-se longe de obter as condições necessárias para o desenvolvimento cultural e ideológico, avançando, a passos largos, para um ritmo desacertado que se sentiu entre a arte portuguesa e a arte realizada fora do país.

As academias permaneciam fechadas, mantendo o mesmo regime de ensino, valorizando e dando continuidade ao sistema clássico, onde a representação concreta do real, obtida através de um processo de cópia, é a preocupação maior dos artistas. As matérias-primas de eleição continuam a ser as mais tradicionais. Na pintura, o óleo; na escultura, o barro é a matéria predileta para as modelações, posteriormente passadas a um material definitivo. Enquanto isso, lá fora os novos materiais e tecnologias despertam o interesse plástico dos artistas, contribuindo para o surgimento de novas tecnologias e tipologias artísticas, como a introdução do ferro, alumínio, aço inoxidável, as resinas e cerâmicas ou aglomerados de madeira, às quais se seguiram as novas vanguardas que se afirmavam contra a tradição académica.

Porém, e em parte devido a experiências vividas fora do território nacional, assistimos a pequenos grupos que iniciaram uma procura modernista com trabalhos que renunciam à tradicional estética de raiz aristotélica, assente na mimese, evidenciando nas suas obras uma linguagem bastante pessoal, uma representação do mundo baseada numa visão muito própria, afirmando-se como procura de uma realidade, possivelmente, mais verdadeira, que o artista encontraria no seu interior e não no mundo comum. Contribuíram para uma primeira reflexão, em torno da arte de cariz mais expressionista e abstrata, as obras de Santa Rita Pintor e Amadeu de Souza-Cardoso a quem se juntou, numa fase posterior, um grupo de estudantes da Escola do Porto, onde se destacam nomes como Fernando Lanhas, Nadir Afonso, Manuel Pereira da Silva e Arlindo Rocha. Um pensamento estético e literário renovado iniciava-se nestes pequenos grupos organizados, aventurados em estratégias provocatórias face às práticas políticas e culturais conservadoras e, de certo modo, reacionárias à modernidade. A revista Orpheu, publicada em 1915, procurou afirmar uma grande influência na modernidade, sendo o seu “vanguardismo” inspirador de movimentos literários, que cedo despertaram as piores críticas, uma vez que propunham uma arte cosmopolita no tempo e no espaço, uma arte verdadeiramente moderna, que traria consigo a renovação da literatura e das artes em Portugal. Na revista Presença (1927-1940), assistimos a uma continuidade da linha de pensamento e intervenção iniciadas com a revista Orpheu. Estas revistas tornam-se numa fonte de divulgação de novos pensamentos estéticos de autores portugueses, bem como de alguns ensaios de escritores europeus. A estas edições juntaram-se ainda exposições e conferências organizadas com o fim de mostrar as novas opções culturais, quase sempre através de iniciativas privadas. Este novo despertar cultural que parecia acompanhar de perto o pensamento artístico internacional, não obtém da parte do público uma grande atenção, uma vez que o nível de alfabetização é muito baixo e nos meios urbanos as inovações intelectuais não tomam o lugar do conservadorismo que então se fazia sentir. A sociedade portuguesa da época encontrava-se pouco esclarecida a nível cultural, permanecendo fechada nos gostos da velha ordem, reforçando o desfasamento cronológico e ideológico entre as vanguardas e os artistas portugueses. A falta da livre circulação de livros, e informação, acaba por resultar na falta de uma consciencialização plena da arte que se vinha a praticar fora do país.

O Estado Novo (1933-1974) tornou-se em esperança contra o desgoverno político e económico em que se encontrava Portugal devido à Primeira República; para isso, o Estado reforça os valores ideológicos de Deus, Pátria e Família; autoridade, disciplina e ordem; corporativismo e catolicismo. As artes plásticas tornam-se em veículo de propaganda ideológica mais conveniente e favorável, sendo o país “adornado” de norte a sul com pequenas e grandes obras públicas resultantes em edifícios rígidos, revestidos com obras de escultura, pintura e tapeçaria.

Este período ficou associado a uma arte nacionalista, deixando uma marca equilibrada e funcional entre arte e poder, como demonstrou a Exposição do Mundo Português em 1940. Esta iniciativa atingiu dimensões até então nunca antes vistas, tendo como missão passar ao acto, em forma de comemoração, a consagração pública e a legitimidade representativa do Estado a nível ideológico e histórico. Cabia aos artistas transmitir de forma clara ao público esses valores, dando a conhecer também as personagens míticas portuguesas, exaltando a grandeza do passado, que se revia na do presente, esperançosa de alcançar o mesmo impacto no futuro de Portugal.

O Estado define uma arte associada ao sistema clássico, uma vez que seria a forma de melhor dialogar com os portugueses de qualquer classe social; o artista deveria ainda pontuar a obra de arte com pequenos apontamentos construtivos, conduzindo-o, de forma subtil, por caminhos que, avançando para a síntese das figuras, posteriormente o aproximam da abstração. Como a síntese formal faz parte da interpretação pessoal de cada um, a procura da individualização do artista e a procura da autonomia da arte tornam-se cada vez mais conscientes. Volta a ser visível uma vontade de rutura vanguardista que busca na natureza comum e na natureza pessoal uma reinterpretação do mundo, espelhado na obra de arte sem referências diretas às leis da beleza da realidade concreta.

Portugal atinge assim um período, dentro do possível, estável, onde o poder do Estado Novo conseguirá restituir valores, já perdidos, no seio da sociedade portuguesa, que, em conjunto com a ação de propaganda nacional, através do apoio das artes, acaba por modelar a sociedade, tornando possível a abertura cultural e ideológica que se encontrava com um grande desfasamento temporal em relação à Europa. Se na opinião de alguns autores, o Estado Novo origina crises sociais devido à censura e à imposição de estilos oficiais que geram algum atraso no desenvolvimento cultural do país, outros entendem este período como áureo, no sentido em que, no âmbito cultural e, em boa parte, devido ao trabalho de António Ferro, o governo se torna numa estrutura organizada, quase como máquina de propaganda dos valores heroicos nacionais, permitindo assim o desenvolvimento das artes plásticas, regularmente subsidiadas de uma forma exorbitante. O poder do Estado Novo é transmitido à população por meio da sua obra majestosa, ficando assim o país a ganhar com exemplos curiosos de arquitetura estado-novista e, por acréscimo, das artes ao serviço do estado, como será o caso da escultura, pintura, tapeçaria entre outras.

A importância e a ação determinante das vanguardas artísticas e a necessidade dos seus momentos de rutura são por isso de valorizar: «[a] função social do artista ao aperfeiçoar ou a inventar aquilo a que veio a chamar de “linguagens”, cria condições de consciencialização» do contexto político e social da época em que viveu.

No domínio artístico, a «revolução contida e pacata» surge mais fundamentada por volta de 1945. Neorrealismo, Surrealismo e Abstracionismo são praticados de forma muito contida, acompanhados de polémicas violentas até meados dos anos 50. Contudo, isto não será impedimento para a realização de Exposições Independentes, ou para a inauguração da primeira escultura abstrata adquirida pelo Estado para um espaço público. Os artistas modernos exploram estas novas linguagens plásticas, opositoras à linguagem clássica, no seio de uma luta de valores éticos e estéticos, perante uma sociedade que, como vimos, não estava preparada para os acompanhar.

Neste mesmo período, dá-se um dos grandes momentos da história cultural portuguesa dos tempos modernos. A redescoberta da obra de Fernando Pessoa, até aí desconhecida para a maioria dos cidadãos. Depressa a obra deste autor se revelou de grande interesse para as artes nacionais, possibilitando o retorno do ritmo perdido, no início do século, das primeiras manifestações modernistas, exaltadas também com a redescoberta das obras de Santa Rita e Amadeu, que como vimos, marcaram a primeira geração de modernidade, a qual permanecerá, como referência, até meados da década de 1940, como veremos.

Ana Luísa Oliveira

MESTRADO EM ESCULTURA PÚBLICA

sábado, junho 15, 2019

Escultura Sem Título, 1963



Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1963
Gesso sobre estrutura de alumínio
65 cm x 162 cm x 100 cm

Escultura Sem Título, 1958



Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1958
Gesso sobre estrutura de alumínio
40 cm x 108 cm x 30 cm

Estudos para escultura


Estudos


Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1960
Gesso sobre estrutura de alumínio
72 cm x 90 cm x 34 cm

Estudo para escultura


Estudo


Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1962
Gesso sobre estrutura de alumínio
97 cm x 138 cm x 40 cm

Estudos para uma escultura


Estudo


Estudo



Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1960
Gesso sobre estrutura de alumínio
65 cm x 164 cm x 40 cm

Estudo para uma escultura


Estudo



Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1958
Gesso sobre estrutura de alumínio
43 cm x 120 cm x 35 cm

sábado, junho 10, 2017

Mulher


Manuel Pereira da Silva
Mulher, 1997 
Gesso em estrutura de aluminio
35cmx60cmx37cm

quinta-feira, abril 13, 2017

Sem Título


Manuel Pereira da Silva
Sem Título, 1962
Gesso sobre estrutura de alumínio
34cmx130cmx28cm