quinta-feira, novembro 18, 2010

Volume



Manuel Pereira da Silva
Volume, 1961
Gesso sobre estrutura de alumínio
58x83x35

Sem título


Manuel Pereira da Silva
Sem título, 1962
Gesso sobre estrutura de alumínio
58x83x35

Maternidade



Manuel Pereira da Silva
Maternidade, 1965
Gesso sobre estrutura de alumínio
10x105x50

Fotos da Exposição “Arte Partilhada Millennium BCP – Abstracção”


Vídeo da Exposição “Arte Partilhada Millennium BCP – Abstracção”



Neste vídeo podemos ver duas esculturas do Escultor Manuel Pereira da Silva, "VolumeI" de 1961 e "Mulher" de 2001.

Inauguração da Exposição “Arte Partilhada Millennium BCP – Abstracção”

Neste vídeo podemos ver o Director da Casa-Museu Teixeira Lopes, Dr. Delfim Sousa, a apresentar três esculturas de Manuel Pereira da Silva ao Presidente do Banco Millennium BCP, Dr. Carlos Santos Ferreira, ao Secretário-geral da Fundação Millennium BCP, Dr. Fernando Nogueira e à historiadora de arte e curadora desta Exposição “Arte Partilhada Millennium BCP – Abstracção” a Professora Dr.ª Raquel Henriques da Silva.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Notícias da exposição

16:11:2010
Gaia e Porto recebem colecção de arte partilhada Millennium bcp
Grandes nomes da pintura nacional e internacional em duas exposições.
16.11.2010
Arte partilhada em Gaia
Luís Filipe Menezes, Presidente da Câmara Municipal de Gaia, e Santos Ferreira, Presidente do Millennium BCP, inauguraram a Exposição "Arte Partilhada Millennium BCP - Abstracção", na Casa-Museu Teixeira Lopes.
Ver em: Gaia Global – Portal do Cidadão

16.11.2010
Arte Partilhada Millenium BCP» chega hoje ao Porto
São inauguradas esta terça-feira, no Grande Porto, duas exposições com o cunho «Arte Partilhada Millenium BCP», «100 Anos de Arte Portuguesa» e «Abstracção».
Ver em: Diário Digital

16.11.2010
GAIA E PORTO RECEBEM COLECÇÃO DE ARTE PARTILHADA MILLENNIUM BCP
Além de Carlos Santos Ferreira, presidente do Conselho de Administração Executivo do Millennium BCP, os momentos de inauguração contarão ainda com a presença, no Porto, de Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, e de Maria Amélia Cupertino de Miranda, presidente do Conselho de Administração da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, e, em Vila Nova de Gaia, de Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
Ver em: Rostos – O seu diário digital

16.11.2010
Obras de arte da colecção Millennium bcp cativam um número crescente de visitantes
"Há um ano decidimos revelar uma pequena parte do acervo cultural do Millennium bcp, levando-o ao encontro de novos públicos numa exposição itinerante de pintura, por Bragança, Aveiro, Évora, Funchal e recentemente Viseu. Hoje, o balanço é muito positivo: mais de 25 mil visitantes é um número extraordinariamente expressivo, que confere cada vez mais sentido à vontade que temos de partilhar o património cultural do Banco", afirma Fernando Nogueira, secretário-geral da Fundação Millennium bcp.
"Sendo Arte Partilhada Millennium bcp um projecto de responsabilidade social, continuaremos a sua concretização levando a arte a públicos cada vez mais abrangentes e diversificando as formas de arte em exposição", sublinha Fernando Nogueira.
Ver em: Milennium BCP

16.11.2010
Porto recebe «Arte Partilhada Millenium BCP»
São inauguradas, hoje, duas exposições com o cunho «Arte Partilhada Millenium BCP», «100 Anos de Arte Portuguesa» e «Abstracção». Às 16:30 é inaugurada na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no porto, a mostra «Arte Partilhada Millennium BCP – Exposição 100 Anos de Arte Portuguesa».
Mais tarde, pelas 18:00 horas, arranca na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, a exposição «Arte Partilhada Millennium BCP Abstracção».
Ver em: Porto Canal

quinta-feira, novembro 11, 2010

Exposição “Arte Partilhada Millennium BCP – Abstracção”


A Casa-Museu Teixeira Lopes, após período de encerramento para importantes obras de remodelação apoiadas por fundos comunitários, abre as suas portas no dia 16 de Novembro de 2010 com a inauguração, pelas 18 horas, da Exposição"Arte Partilhada Millennium BCP - Abstracção".


Nesta exposição vão estar patentes algumas esculturas do Escultor Manuel Pereira da Silva.


Esta exposição itinerante, patrocinada pela prestigiada instituição bancária, que visa evidenciar o importante património artístico nacional, bem como contribuir para o enriquecimento cultural do país, reúne uma selecção de 74 pinturas representativas do abstraccionismo português e estrangeiro.


Revestida de notável interesse pela diversidade de obras expostas, das quais se destaca um núcleo autoral significativo da pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, com doze pinturas. Para além desta, sublinha-se a presença de obras dos seguintes artistas: Alfred Manessier, André Lanskoy, Ângelo de Sousa, António Areal, António Palolo, Arpad Szenes, Artur Bual, Artur Rosa, Augusto Barros, Eduardo Batarda, Eduardo Nery, Fernando Aguiar, Fernando Lemos, Jorge Pinheiro, Júlio Pomar, Júlio Resende, Justino Alves, Luis Demée, Luis Dourdil, Manuel Cargaleiro, Manuel D"Assumpção, Mário Cesariny, Menez, Nadir Afonso, Nikias Skapinakisl, Paula Rego, Pedro Casqueiro, Serge Poliakoff, Teresa Magalhães, TOM e Zao Wou-Ki.


A Exposição de Arte Partilhada não deixa de fora os mais novos. O Millennium BCP, a Casa-Museu Teixeira Lopes e a Gaianima, EEM, lançam um concurso denominado «À Descoberta da Colecção Millenium BCP» que propõe a realização de trabalhos criativos a partir das obras expostas na exposição. Os três melhores trabalhos individuais serão premiados, bem como haverá prémio de equipa para a Turma de Escola que se empenhar mais na apresentação de criações de «Arte Partilhada».


A mostra estará patente ao público até 30 de Janeiro de 2011 e a entrada é livre, realizando-se as visitas guiadas à terça-feira, das 14h00 às 17h00, de quarta-feira a sexta-feira, das 10h00 às 17 h00 e sábado, domingo e feriados, das 10h00 às 17h00.

terça-feira, novembro 09, 2010

Espelho do Mundo – Uma Nova História da Arte, Julian Bell


Julian Bell, ele próprio pintor, interpreta a arte do ponto de vista do criador, procurando estabelecer uma afinidade entre o espectador e o artista. O seu propósito é o de incentivar o espectador a, antes de mais, olhar a obra de arte e, só depois, equacionar a sua essência e significado. Desafia-nos aqui a olhar a arte enquanto reflexo – espelho – da condição humana.

Espelho do Mundo traça a evolução das artes visuais através do tempo e do espaço, derrubando fronteiras entre tribos, países e religiões, oferecendo-nos uma análise – transversal e intercultural – da diversidade das obras de arte e do modo como estas podem relacionar-se entre si ou mesmo enraizar-se umas nas outras e nos respectivos contextos sociais e políticos.
Os seres humanos contam histórias, e os seres humanos fazem objectos para fascinar os olhos. Por vezes, estas histórias dizem respeito a esses objectos. Este tipo de narrativa, a que se chama história de arte, nasce do desejo de alguém imaginar como seria viver numa outra época, e de se surpreender com o que essas mãos fizeram. Os historiadores de arte procuraram também explicar por que motivo os objectos são feitos de diferentes maneiras, consoante a época e o lugar. É isso que este livro pretende fazer.

Porém um relato deste tipo tem uma dificuldade inerente. Uma obra de arte procura captar e prender a nossa atenção: uma história de arte impele para a frente, desbravando o caminho através dos territórios da imaginação. Numa história de arte de âmbito geral, como esta, a tensão pode ser constante. A cada passo, o narrador e o ouvinte sentirão o desejo de ter um pouco mais e olhar por mais tempo.

Porquê então insistir neste modelo? Vivemos sufocados por imagens. Em todo o mundo, ruas e ecrãs oferecem um amontoado de informação visual diverso e desconexo. Somos confrontados com uma amálgama de citações artísticas – Japão do séc. XIX, França do séc. XIII, Roma do séc. XVI, Austrália aborígene – e seria bom conhecer o vocabulário necessário de onde veio o quê. E também seria bom compreender a sua gramática. Como se relacionam entre si as imagens? Como se enraízam na experiência alheia? O que temos em comum com os seus autores?

Perguntas como estas geram histórias, e não certezas científicas. A história que se segue é contada por alguém, na Inglaterra do início do séc. XXI, que tenta abarcar milénios de confecção de objectos em seis continentes, esperando que, nessa base, o leitor possa continuar as suas próprias histórias. É mais uma introdução geral a objectos e temas da história da arte global do que um conjunto de conclusões acerca delas. Não pretendo definir ou redefinir o que constitui a arte, mas descreve r a sua gama de conteúdos correntemente aceite. O objectivo é mais a amplitude do que a profundidade, a abertura do que o rigor.

Porém, o método desta obra poderia ser considerado relativamente minucioso. A narrativa será urdida em torno de objectos cuja reprodução me parece surtir um bom resultado na página. A arte não se resume a uma questão de imagens compactas e fáceis de enquadrar, embora o leitor possa ter essa impressão aqui. Neste aspecto, tenho de admitir um preconceito pessoal.

Empreendi esta tarefa depois de uma vida inteira a pintar. Como tal tenho o hábito de estar numa sala perante um dado objecto que, espero, venha ater ter uma vida e uma fala própria. Nesta obra, encaro as imagens da mesma maneira: o tipo de arte sobre a qual ela incide é menos o que nos rodeia – um ambiente, edifícios, decoração, utensílios, trajes, adornos – do que aquilo com que nos confrontamos, desde a pintura até às estatuetas e monumentos. A imobilidade de cada imagem introduz outra limitação à discussão.

Ao escrever este relato, trabalhei segundo três regras gerais. Primeiro, se não houver maneira de mostrar uma coisa, mais vale não a referir. Escolher algo como trezentas e cinquenta obras para abarcar a história de arte mundial significa um exercício de equilíbrio difícil. Muitos ficarão decepcionados com o que ficou de fora; outros, aborrecidos por eu citar demasiados nomes, sem lhes dar um rosto. Quando se revelou imprescindível referir o nome de alguma figura ou fenómeno importante que não podem ser ilustrados, optei por uma politica de “parece-se bastante com”. Noutros casos, preferi ignorar o que não posso apresentar.

Segundo, manter a sequência cronológica. Esta directiva vantajosa para o leitor nem sempre se revelou possível em absoluto, pois a análise oscila entre um país e outro, mas espero que isso, se funcionar, dê uma perspectiva dos contrastes de região para região, bem como das afinidades entre culturas.

O meu título, Espelho do Mundo, indicia a terceira das minhas premissas. Entendo a história da arte como uma moldura dentro da qual vemos continuamente reflectida a história universal em toda a sua amplitude – e não como uma janela que se abre para um reino estético independente. Admito que os registos das alterações artísticas estão relacionados com registos de alterações sociais, tecnológicas, politicas e religiosas, por mais invertidos ou reconfigurados que se mostrem estes reflexos.

Os espelhos só podem funcionar com a luz que recebem, embora possam mostrar-nos as coisas de um modo diferente. O meu título indica também o que quero crer – que as obras de arte podem revelar realidades de outro modo invisíveis e actuar como molduras da verdade. Contudo, é sobretudo o modo como são feitos esses objectos, e não o seu estatuto último, que irá dominar a história. A principal razão por que me interesso pela história de arte é o facto de ela parecer tornar-me mais próximo de certas coisas extraordinárias e das pessoas que as fizeram.


Perguntas, confluências

Europa, 1909-1914

Porque na realidade, a arte consiste em objectos elaborados de maneira requintada, não é verdade? Objectos que demonstrem o seu valor intrínseco: não é isso que o mercado procura? Assim, todo o artista deveria criar um nicho para produtos profissionais, fosse qual fosse o seu modo de expressão.

A “imitação da natureza”, essa velha receita europeia para a pintura, deixara de ser relevante.
As doutrinas da “nova era” ganharam ímpeto e maior visibilidade com a chegada do séc. XX. Por volta de 1910, estavam em marcha muitas incursões na música visual pura, na “abstracção”, entre os artistas da Europa Ocidental e Oriental – o Checo Frantisek Kupla e o Lituano Mikalojus Ciurlionis, para mencionar apenas dois. O momento de ruptura de Kandinski, como ele próprio o descreve, ocorreu quando uma noite entrou no estúdio e viu em cima do cavalete uma “imagem da indescritível e incandescente beleza que não representava nenhum objecto identificável”. Não reconhecera uma das suas vibrantes paisagens, que se encontrava virada de lado. Desse momento em diante, deduziu Kandinski, a pintura podia passar sem a representação. A elegância visual que impregna composição VII a sua obra principal de 1913, inspira-se indubitavelmente nos ornamentos folclóricos Russos, com as suas encantadoras cores vivas, não obstante, insistiu ele, todos os elementos ditados pelo espírito, e estavam repletos de intenção simbólica.

O mundo visível não se evaporava simplesmente nesta nova arte. As suas essências haviam sido destiladas e libertadas, como fórmulas com as quais se podia construir um novo universo pictórico. Elas não eram senão aquelas coisas que o olhar adora fazer: reconhecer contrastes, discernir imagens e formas limitadas, vaguear, focar e retorcer, mergulhar nas intensidades da cor, precipitar-se e saltar para o lado. Durante um período concentrado de quatro dias, o pincel de Kandinski agitou-se sobre a enorme tela de 3 metros, com a alegre inocência de uma abelha a explorar uma flor.

Aquém da visão, além da visão
Europa, E.U.A., 1920-1940

Assim pois, esses eram alguns dos rasgos principais do mundo dos artistas depois das traumáticas guerras e revoluções da década de 1910: uma série de novos – e na sua maior parte “mais duros” e mais magros – estilos, de significado aberto. O poder hipnótico do que chegou a conhecer-se como a “industria da cultura”: Hollywood, a publicidade, o fotojornalismo, etc. Os planos progressistas de redução visual; a ideia da revolução de massas defendida pela esquerda; o desejo intransigente de romper com todas as formas anteriores da experiência humana. E em contradições com tudo isto, ou misturando-se com ele, a ânsia de estabilidade, de restauração e de tradição. Nesta parte e nas seguintes farei uma visita aos modos em que uns quantos artistas e grupos se abriram caminho através de todas estas pressões.

Outras iniciativas dos anos vinte reflectiram o construtivismo Russo. Na Holanda, formou-se um grupo de desenho de vanguarda ao redor da revista De Stiff em 1917, enquanto na Alemanha Walter Gropius criou a seminal de desenho progressista e social quando fundou a escola conhecida como a Bauhaus em Weimer em 1912. Em ambos projectos participaram pintores. Piet Mondrian foi um dos membros mais importantes do grupo Holandês; como outros muitos visitantes de Paris dos anos dez, este paisagista e teosofo havia-se inspirado nos experimentos dos cubistas. Do que havia feito Picasso e Braque sugeria um podia analisar sistematicamente as pistas que nos dava a visão. Se dispôs a recortar os componentes das imagens das suas paisagens tal como Brancusi recortava suas figuras, e com intenção parecida: quanto mais perto se está da simplicidade, mais se aproxima de um ideal espiritual. Em 1920, ficou-se com uma gramática de signos absolutamente mínima: linhas verticais, linhas horizontais e cores primárias. A sequência de explorações que o levou a esta abstracção parecia proceder com uma lógica redutora inexorável.

Piet Mondrian, Composição I: com vermelho,negro, azul e amarelo de 1921


A partir desse momento o único caminho para a frente consistia em começar a construir de novo. Na Composição I: com vermelho, negro, azul e amarelo de 1921, Mondrian pedia ao olho que se centrara na sua própria capacidade para julgar as relações e os equilíbrios, e em seu próprio desejo de claridade. Inicialmente, o exercício parece vigoroso, refrescante, deslumbrantemente frio (ressurge esse velho gosto Holandês pela austeridade que vimos anteriormente em Vermeer). E logo astutamente, começa a conquistar. O rectângulo fechado no centro e seu primo maior no canto superior esquerdo dirigem a dança dos espaços, e tudo parece girar à sua volta, como se estivessem catalisando uma reacção química, uma explosão de ordem. Os vermelhos, negros e amarelos abrem-se ao mundo mais além do bordo do quadro, projectando o meio redesenhado que lhe gostava sonhar a De Stijl fazia os espaços indefinidos que estão fora. Talvez a abstracção fosse na realidade um paralelismo recém-criado com a pintura figurativa, um modo mais potente de induzir ilusões.

A Bauhaus, na Alemanha, pretendia conseguir uma honestidade progressista e estabeleceu normas para um desenho de linhas limpas, ergonómicamente eficiente que seria imitado em todo o mundo. No entanto a sua história interna, ao longo de 12 anos de funcionamento e das mudanças de localização, oscilou por causa das tormentosas tensões entre a série de carismáticos inovadores que ali se encontravam. Um deles foi Vasily Kandinsky, que se uniu a eles com um amigo que havia conhecido em Munique anteriormente à guerra, Paul Klee. Klee – uma presença seca e obstinada o pessoal – levou a cabo uma honrada investigação visual de enormes implicações. Daria às aspirações democráticas da escola um nível totalmente novo de superação.


Paul Klee, Máquina de Chilrear de 1922


Como Kandinsky, a Klee interessava-lhe relacionar a pintura com a música, mas trouxe uma inteligência mais analítica ao tema. Tal como Mondrian, Klee separava e isolava os componentes fundamentais da realização de uma pintura. Mas nas suas mãos convertiam-se numa caixa de joguetes. Jogava, testando muitas coisas sem limites. Nos seus desenhos e aguarelas, o pensamento lógico académico estendia uma mão e comungava com as anomalias da imaginação solitária que descobria dignidade nos rabiscos e um poder ressonante no frágil e no trémulo. As investigações de Klee iam a par com as da psicologia, que era uma ciência em expansão. A partir de 1900 em diante, os investigadores haviam aberto os olhos à arte infantil e dos doentes mentais. Uma espécie de empatia recorre o encanto louco de um experimento a caneta e aguarela como a Máquina de Chilrear; em certo sentido, qualquer um que se arrisque a pôr a sua imaginação sobre o papel, quer seja habilidoso ou não, está arriscando-se ao absurdo. O título contem o que Klee se havia encontrado a si mesmo fazendo: um aparelho geométrico que floresce organicamente, estalando numa canção. De facto, esta folha de 1922 instala-se com uma reciprocidade entre o duro e o mole que havia começado a ressonar através do campo da arte “avançada”. É um eco inocente do trabalho mestre muito mais amplo, infinitamente mais frio do absurdo sexual mecânico a que Duchamp dedicou a sua ingenuidade entre 1915 e 1923, o chamado Grande Vidro, um dos grandes buracos negros que tudo absorve da interpretação da arte moderna.


Mondrian e Klee, com o seu desejo de reeducar o olhar, parecem pôr em dúvida toda a possibilidade de pintar com base na observação

domingo, novembro 07, 2010

Historia del arte universal de los siglos XIX y XX


A Abstracção vai ser definitivamente a grande conquista da escultura do séc. XX. A arte abstracta, sem significado concreto, plasmado tridimensionalmente, que permite a sua contemplação total, em redor, em todas as suas facetas e perspectivas, girando sobre seu próprio eixo, vai permitir à escultura desenvolver-se numa variedade de formas e possibilidades plena e frutífera – exceptuando a da cor, que será substituída pelo tipo de material, ainda que em determinados casos a pintura se aplica à escultura como terminação. A escultura abstracta, muito similar aos módulos arquitectónicos do séc. XX, mas sem a sua funcionalidade e dimensões, a escala é muito menor, conquista também o espaço a base da conjugação de módulos e elementos de predomínio geométrico, com densidades, desenhos e volumes ligados, concatenados, que vão mostrar o próprio valor material solidificado, fixando-se no vazio, adensando o ar, instalando-se no âmbito espacial alegoricamente, do mesmo modo que a pintura se adere ao lenço. Resulta, assim, uma escultura sugestiva plena de força e atracção, eminentemente táctil, urdida com materiais metálicos, orgânicos ou inorgânicos.

Em suma, para Ana Maria Preckler, a escultura do séc. XX resulta muito rica e variada, de uma grande fecundidade e criatividade, seguindo as vanguardas, encontra caminhos próprios, como o da abstracção, onde encontra e realiza a sua maioridade, numa total e absoluta plenitude.


A Segunda Metade do séc. XX


A Escultura Abstracta

A abstracção foi a grande conquista do séc. XX, os movimentos que constituíram as vanguardas históricas trouxeram a máxima criação, originalidade, e inovação artística, alterando todas as suas estruturas, procedendo à destruição moral da arte tradicional e a sua incrível reinvenção. Partindo do Impressionismo, o Neo-Impressionismo e o Pós-Impressionismo, que foram os pilares em que assentou a impressionante mudança artística, este conjunto de movimentos vanguardistas havia-se desligado e formulado no Fauvismo e sua anti-convencional variedade de cores; no Cubismo, e ruptura fragmentada da realidade concreta; no Futurismo, que plasmou a sequência, a dinâmica e o movimento; no Expressionismo, que logrou imprimir o espírito do homem; no Dadaísmo, que mitificou o absurdo e o objecto do desejo; no Surrealismo, que interpretou o subconsciente à maneira pictórica, e na Abstracção, que rompeu ainda mais.

Louise Bourgeois (1911-)

Oriunda de França, Louise Bourgeois é Norte Americana de nacionalidade, país a que chegou no ano 1938. A sua formação artística acontece em Paris, sua terra natal, na Escola do Louvre, a Academia de Belas Artes e a Academia Julian. Começa seus trabalhos no campo da pintura para chegar na década dos quarenta à escultura, na qual desenrola sua autêntica vocação, adquirindo grande fama no seu país adoptivo. O seu estilo evolui desde a escultura alargada, com notas surreais, preferencialmente em madeira pintada, até às formas inconcretas, antropomórficas e informes, em matérias mais sólidas como o bronze e a pedra, em que dá rédea solta à sua imaginação e fantasia. Da sua primeira produção: Spring, 1946-48, bronze pintado em branco, alargamento, formas bolbosas e Sleeping Figure, 1950, em madeira, primitiva, semiabstracta.

Richard Serra (1939-)

Escultor abstracto Norte Americano muito próximo da arte minimal pela grandiosidade de suas composições, em que geralmente integra a escultura no meio que a rodeia, convertendo-a numa parte mais da arquitectura ou da natureza em que ela se encontra. Na sua produção, utiliza materiais industriais, destacamos: Right Angle, 1969, da sua série Prop, lamina quadrangular em construção vertical, no terraço de uma parede, em cujo centro se justapõe uma fita em ângulo recto com bordas arredondadas.

Max Bill (1908-1994)

Arquitecto, pintor e escultor abstracto, Max Bill nasce na Suíça e estuda primeiramente em Zurich, na Escola de Artes e Ofícios e logo de seguida na Bauhaus Alemã de Dessau, onde se relaciona com Gropius, Moholy-Nagy, Kandinsky, Klee e Albers, recebendo a sua influência racionalista. Também tem relação com o Neoplasticismo Holandês através de Mondrian e Vantongerloo, pertencendo ao grupo “Abstracção-Criação” de Paris, no qual se foca toda a sua trajectória artística até à abstracção geométrica construtivista. É considerado um dos pioneiros da abstracção escultórica, que executa com grande liberdade e sem atender a rígidos esquemas estruturais, utilizando o movimento e a linha curva em algumas esculturas. Em 1951 obtêm o Prémio de Escultura da Bienal de São Paulo. Entre suas esculturas se destacam: Endless Loop, 1947-49, forma tubular ondulada, simples e elegante.

Escultura Minimal

A Arte Minimal foi uma forma escultórica e pictórica de abstracção geométrica de tipo monumental que apesar da sua principal condição de escultura pode contemplar-se com seus autores dentro da secção das Últimas Tendências da Arte Contemporânea no contexto geral da pintura, já que nestas correntes de tendências extremas e últimas se produz uma indiferenciação entre os géneros.

A Escultura Abstracta em Espanha

Como sucede com a pintura abstracta, em Espanha produz-se uma autêntica eclosão de escultores dentro da corrente, alguns dos quais podem-se qualificar de extraordinários. Só Espanha podia preencher por si só as páginas da história da abstracção pictórica e escultórica, tal é a sua riqueza, variedade e originalidade; não admira os princípios cubistas picassianos foram as origens da Abstracção, mas também a própria impressão hispânica, a força da raça, a fecunda veia artística espanhola acumulada durante séculos que plasmou já no século XX, em praticamente todos os estilos e vanguardas, uma arte distintiva. Na escultura abstracta da segunda metade do século não há apenas escolas, apenas figuras individuais independentes que se destacam por elas mesmas, e surpreende pela quantidade de formas e estilos diferentes que cada um de estes artistas pode dar a uma arte única como a abstracta, tão árida e austera às vezes.

Alguns dos escultores abstractos mais significativos das gerações que acontecem na segunda metade do século, como mostra de dois tipos de escultura abstracta: a correspondente à primeira geração de escultores abstractos, com artistas que nascem no primeiro terço do século, e obras em que a matéria e a forma seguem todavia a tradição escultórica, mudando da natureza figurativa para a abstracta; e a escultura da segunda geração, cujos artífices nascem no segundo terço do século, na qual a matéria se multiplica, introduzindo novidades e combinações de todo o tipo de elementos (com abundância de materiais orgânicos), e a forma expande-se no espaço, rompendo a unidade formal anterior, fazendo umas vezes arquitectura, outras vezes suspensões aéreas, outras instalações de grande complexidade cujas peças se expandem pelo solo, e algumas outras morfologias da natureza inconcreta, pseudo-organica, numa grande versatilidade e variedade imaginativa.


Jorge Oteiza Enbil (Orio, Gipuzkoa, 1908 – Donostia, Gipuzkoa, 2003) foi um famoso escultor, desenhador, pintor e escritor basco, nascido na região de Navarra.

Modernista declarado, publicou em 1962 o livro Quosque tandem, o qual tratava da arte pré-histórica no País Basco, período no qual muito se inspirou.

De grande importância para Espanha e, essencialmente para o País Basco, as suas obras podem ser vistas nos melhores museus do seu país e da Europa. A Desordenação do Espaço, por exemplo, uma das suas obras mais conhecidas, encontra-se actualmente exposta no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.

No seu inicio, Oteiza efectua trabalhos figurativos em que se percebe a influência de Henry Moore, para a partir da sua volta a Espanha introduz-se por completo na senda da abstracção geométrica, com uma criação pessoal livre, influenciado pelo Mestre do Suprematismo, Malevitch.


Pablo Palazuelo de la Peña (Madrid, 6 de Outubro de 1916 - Galapagar, Madrid; 3 de Outubro de 2007)

Palzuelo, outro grande da escultura abstracta geométrica, que inscreve a sua obra, de grande beleza de linhas e modelagem, dentro do mais avançado e poético do género. As linhas geométricas limpas, elegantes e suaves, finamente traçadas, de grande modernidade e beleza de desenho; as figuras geométricas elementares forjadas em pranchas metálicas laminares, com ângulos, planos, cortes e encontros de grande simplicidade e jogos de luz e sombra; as lâminas suavemente curvadas e os módulos em L; A intercepção de planos encontrados, são algumas das notas predominantes da sua obra escultórica.


Eduardo Chillida (San Sebastián, 10 de Janeiro de 1924 – San Sebastián, 19 de Agosto de 2002) foi um dos mais famosos escultores e gravuristas modernistas espanhóis. Junto com Jorge Oteiza, Chillida é considerado o escultor com mais destaque no século XX.

Seguidor da tradição de Pablo Picasso, após abandonar os estudos, ingressa num curso de desenho e começa, enfim, a esculpir ferro.

Em 1948 muda-se para Paris, onde se tornou amigo de Pablo Palazuelo, que o influenciou profundamente na sua carreira artística, concedendo-lhe o gosto pelo abstraccionismo.

Chillida aplica a abstracção escultórica a máxima força, robustez, expressão e estruturação livre, e em contraste, a máxima formosura, delicadeza e poesia, que introduz já desde o seu começo nos seus belos títulos. As grandes estruturas de Chillida, cheias de aprumo e solidez, insurgem-se no espaço como volumes de liberdade, solidificados ao abraço com o ar. As suas construções, nunca rígidas na sua forma, sempre livres e movidas no seu desenho linear, alternam as composições geométricas de rectas e curvas, projectando-se no vazio e alterando todas as leis da gravidade, com a ousadia do escultor poeta que no seu desejo de sublimar a matéria, faze-la leve, chega a roçar o intangível. Chillida é um dos maiores escultores abstractos hispânicos, despontando só na sua escalada para o impossível, possui na sua obra muito da poesia, de uma poesia que se poderia ligar com o poeta Alemão do sublime e do impossível que foi Rainer Maria Rilke, e muito da musicalidade que compusera outro Alemão soberbo, Bach, com o qual o escultor se identifica, assim como possui muito do pensamento, talvez pela sua atracção por Goethe e por Heidegger.

No início da sua carreira costumava utilizar materiais como a madeira e o ferro. Porém, quando começa a explorar a arte abstracta, começa a interessar-se por materiais mais diversos como a pedra e a luz.

Seis anos mais tarde, realiza a sua primeira exposição individual, sendo esta a primeira mostra de escultura abstracta realizada em Espanha. Após esta exposição, é convidado pelo arquitecto Ramón Vázquez Molezún para participar na Trienal de Arte de Milão, em Itália, recebendo seguidamente, o Diploma de Honor.

Participou, em 1959, na segunda Documenta de Kassel.

Na década de 1970, Chillida dedica-se a observar a Natureza em busca de informação sobre as formas e cores das plantas e de inspiração, e, a partir da década de 1980, passa a conciliar a sua arte com espaços naturais e, minoritariamente, urbanos.

Em 1987, torna-se académico da Real Academia de Belas-Artes de São Fernando e, dois anos antes da sua morte, concretiza um dos seus sonhos, inaugurando um museu dedicado a si próprio, o Museu Chillida-Leku.