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sexta-feira, maio 10, 2019

Alves de Sousa




Busto do escultor Alves de Sousa da autoria do escultor Manuel Pereira da Silva que se encontra no centro de Vilar de Andorinho, Vila Nova de Gaia, em frente à Junta de Freguesia e à Igreja, na praceta com o nome do escultor Alves de Sousa.

segunda-feira, abril 27, 2009

Homenagem aos escultores que elaboraram o Monumento aos Herois da Guerra Peninsular da autoria de Alves de Sousa


Busto da autoria do escultor Manuel Pereira da Silva, inaugurado no final dos anos oitenta para comemorar os 100 anos do nascimento do Escultor Alves de Sousa. Vilar de Andorinho.



António Alves de Sousa, mais conhecido por Alves de Sousa (Vilar de Andorinho, Vila Nova de Gaia, 1884 - 1922) foi um escultor português naturalista da chamada Escola do Porto (havendo quem defenda que, dentro desta, se deve autonomizar a Escola Gaiense), que se pode situar entre o final do Séc. XIX e o início do Séc. XX, e de que são expoentes Soares dos Reis e Teixeira Lopes, filho.

Há notícia de que, após ter concluído a instrução primária, em 1894,e como já mostrava vocação para trabalhar a pedra (diz-se que corria muitas vezes para pedreiras nas redondezas e era visto a chegar com matéria prima para a sua arte), terá frequentado a Escola da Fábrica das Devezas, em Vila Nova de Gaia, onde o seu pai, Joaquim de Sousa e Silva, trabalhava como pedreiro. Dessa Fábrica era sócio Teixeira Lopes, pai, e a tradição oral diz que este artista seria amigo do Rei D. Carlos, que utilizou para boa influência na entrada de Alves de Sousa na Academia portuense. A falta do segundo grau da instrução primária viria a criar-lhe problemas, mais tarde, na admissão para Professor da Academia de Belas Artes do Porto

Alves de Sousa conseguiu assim entrar para a Academia de Belas Artes do Porto (actual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) com apenas 13 anos, tendo requerido em 1897 a sua matrícula em Desenho Histórico, curso que concluiu em 5 anos, tal como o de Escultura, chegando a acumular ambos. Esteve oito anos nesta escola, tendo concluído o curso em 1905 com a prova final "Uma mulher do povo conduzindo duas crianças, cai debilitada pela fome em um banco de praça publica. Rodeiam-na populares procurando reconfortá-la."

Presume-se que tenha começado por esta altura a frequentar o atelier de Teixeira Lopes (no mesmo local onde hoje se encontra a Casa Museu Teixeira Lopes e as Galerias Diogo de Macedo (este seu contemporâneo em Paris), executando trabalhos de assinatura própria e outros provenientes de encomendas de clientes do mestre Teixeira Lopes, que também foi seu professor na Academia.

Em 1907 concorre a uma bolsa do Estado para estudar em Paris, mas é batido pelo companheiro de atelier e de curso, José de Oliveira Ferreira. Consegue essa bolsa no ano seguinte concorrendo contra Rudolfo Pinto do Couto, e parte para Paris no início de 1909, chegando à cidade luz precisamente no dia 24 de Janeiro de 1909, e apresentando-se ao chefe da Légation de Portugal no dia seguinte.

A lista de contemporâneos de Alves de Sousa em Paris é quase infindável. Recorde-se que se viva a chamada Age d'Or, mas ficam aqui alguns por mera curiosidade: Rodin, Picasso, Modigliani, Injalbert, Guilhermina Suggia, Diogo de Macedo, Oliveira Ferreira, Amadeo de Souza Cardoso, Guillaume Apollinaire, Dórdio Gomes, João Pinheiro Chagas, Afonso Costa, Columbano Bordalo Pinheiro (os três últimos foram visitas do seu ateliê, sendo que João Chagas, como Ministro de Portugal em Paris, teve uma relação cordial com Alves de Sousa: o escultor esculpiu o busto de Madame Chagas;).

Em Paris começa a frequentar o atelier do mestre Jean-Antoine Injalbert, grande escultor francês, estando por determinar se esse atelier se situava na Academia Colarossi, onde Injalbert prestou a sua colaboração, ou se tinha existência autónoma.

Em 1910, Alves de Sousa é admitido à École des Beaux Arts, de Paris, (admissão que havia falhado em 1909), onde tem sempre boas notas, ficando inclusivamente dispensado dos concursos de permanência e passagem. Nesse mesmo ano, em Maio, participa no Salon com alguma da sobras que deveria enviar no final do ano à Academia de Belas Artes do Porto para obter aproveitamento e prorrogação da bolsa.

Em Paris amiga-se da francesa Germaine Marie Victoire Lechartier, de quem tem dois filhos (uma menina, Hidrá, e um menino, Caius), vindo a perder Germaine para a Gripe Espanhola em 1918, ano em que se presume que regressa a Portugal com os dois filhos.



1951, Monumento aos heróis das Guerras Peninsulares, Boavista, Porto.


Alves de Sousa tornou-se conhecido pela vitória, com o arquitecto Marques da Silva, no projecto para o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular do Porto (a "Estátua da Rotunda da Boavista, na Praça Mouzinho de Albuquerque), cuja primeira pedra foi lançada em 1909, mas cuja inauguração ocorreu apenas em Maio de 1951, muito depois da sua morte.


Pormenor do Monumento aos heróis das Guerras Peninsulares, Boavista, Porto.

De acordo com Pedro Guilherme Alves de Sousa Moreira, bisneto do escultor Alves de Sousa, "a autoria da parte escultórica da "estátua do leão e da águia na Boavista" (Monumento aos Heróis das Guerras Peninsulares) foi a porta para a imortalidade. Ora, como se sabe, pelos anos trinta e quarenta do Século XX houve uma forte pressão para que o "Castiçal da Boavista" (apenas o elemento arquitectónico de Marques da Silva estava de pé) fosse demolido e esquecido para sempre. Aliás, como me foi lembrado há dias por neta afim, lá esteve plantado durante a guerra um campo de milho, e outros destinos teriam sido dados à Praça Mouzinho de Albuquerque se não fosse a perseverança de escultores como Sousa Caldas e Henrique Moreira (ainda que, em tempos, tivessem opinado em sentido contrário), que refizeram a maquete executada por Alves de Sousa, actualizando-a. Há lugar para o mérito de todos, e sem o génio de Alves de Sousa e a visão de Marques da Silva não havia monumento. Mas se os escultores que modelaram a estátua depois da morte de ambos não tivessem dado o seu amor à arte para executar a obra dos mestres, e deixar os seus nomes na sombra, ninguém teria podido observar a emoção da mão de Alves de Sousa. Em meu nome pessoal (porque não posso falar em nome de mais ninguém), e o meu nome pessoal ainda é Alves de Sousa, um penhorado obrigado aos escultores que modelaram a estátua do meu bisavô numa das naves laterais do velho Palácio de Cristal (Teatro Gil Vicente), entre 1950 e 1953 . São eles:

- Sousa Caldas;

- Henrique Moreira;

- Lagoa Henriques;

- Mário Truta;

- Manuel Pereira da Silva.

Embora a estátua tenha sido inaugurada em Maio de 1952, depois de lançada a primeira pedra em 1909, a parte escultórica do desatre da Ponte das Barcas, na face Noroeste - a mais emocionante, a mais "Alves de Sousa" e constante da foto em anexo - terá sido terminada em 1953 na Cerâmica do Carvalhinho, em Gaia, isto segundo o testemunho do Professor João Duarte, que muito agradeço - e que trabalhava na dita Cerâmica. O professor andara a acartar baldes de cimento durante a modelação das restantes partes, no antigo Palácio de Cristal; aliás, disse-me que o brasão do Porto que está na face Nordeste da estátua foi feito a partir da pedra de uma velha floreira.




O Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular que marca o "Skyline" da Rotunda e Avenida da Boavista, no Porto, há mais de cinquenta anos, tal como se apresenta hoje. A sua construção iniciou-se há cem anos, perfeitos neste ano da graça de 2009. Entre 1909 e e 1951 o monumento teve apenas erguida a sua chamada parte arquitectónica (da autoria do Arquitecto Marques da Silva), sendo por isso apelidado de "Castiçal da Boavista". O meu bisavô faleceu em 1922 (com 38 anos), e já não acompanhou a execução da modelagem das suas esculturas, efectuada muitos anos depois no Palácio de Cristal (hoje Pavilhão Rosa Mota) sob a direcção dos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas."





Alves de Sousa falece precocemente com 38 anos em Vilar de Andorinho a 5 de Março de 1922, na mesma casa onde nascera, quando trabalhava no Projecto do Monumento aos Mortos da Grande Guerra na Flandres (o que lá está hoje é da autoria de Teixeira Lopes), e da sua certidão de óbito consta que a causa da morte foi "Sífilis Cerebral", havendo testemunhos de que a sua saúde mental se vinha degradando aceleradamente no último ano de vida, sintoma descrito nos anais da doença que o vitimou.