sexta-feira, novembro 15, 2024

P55.Art – A Plataforma de Arte - ID 16352156

P55.Art – A Plataforma de Arte - ID 16352156 Manuel Pereira da Silva (1920-2003) Esferográfica sobre papel Assinado e datado de 1976 Dim.: 30 cm x 43 cm

quinta-feira, junho 20, 2024

Séc. XX O Cubismo

Pablo Picasso (1881 – 1973) é amplamente reconhecido como um dos fundadores do Cubismo, juntamente com Georges Braque (1882 – 1963). Este movimento artístico tinha o objetivo de desconstruir a imagem por meio de figuras geométricas, inspirando-se em fontes diversas, como as máscaras africanas e as obras do artista francês Paul Cézanne. O Cubismo, que surgiu em 1907, representou uma nova forma de visualizar a realidade, afastando-se do ilusionismo tradicional e aproximando-se de uma visão mais geométrica e fragmentada do mundo.

A primeira fase do Cubismo, conhecida como Cubismo Analítico, desenvolveu-se entre 1908 e 1912, caracterizando-se pela fragmentação do objeto em múltiplas facetas e a quase total ausência de cor, priorizando tons de cinza, marrom e verde. Esta fase é marcada por uma análise rigorosa das formas e volumes, onde os artistas desconstruíam os objetos e os representavam em diferentes perspetivas simultaneamente.


George Braque
Grande Nu
1907


Manuel Pereira da Silva
Nu
1989
Lápis sobre papel 
21 cm x 29 cm


Manuel Pereira da Silva
Nu
1989
Lápis sobre papel 
21 cm x 29 cm

Manuel Pereira da Silva é um artista que, embora não seja diretamente associado ao Cubismo, compartilha a habilidade de equilibrar a figuração com a abstração, frequentemente abordando a figura feminina em suas composições. Esse tratamento da figura feminina, que pode ser tanto explícito quanto implícito, sublinha a sua habilidade em equilibrar a figuração com a abstração. Em suas obras, explora frequentemente temas como mulheres sentadas, mulheres reclinadas, maternidade, família, homem e mulher, dança e crucificação. Embora as figuras em suas obras muitas vezes sejam quase completamente dissolvidas na abstração, há uma presença constante de referências figurativas percetíveis, indicando uma ligação inquebrável com a representação do humano.


Pablo Picasso
Maternidade
1909


Manuel Pereira da Silva
Maternidade
1955
Aguarela sobre cartolina 
34 cm x 43 cm


Manuel Pereira da Silva
Maternidade
1994
Esferográfica sobre cartolina 
25 cm x 50 cm

O termo "Cubismo" foi usado pela primeira vez pelo crítico de arte francês **Louis Vauxcelles em 1908, após ver uma pintura de Braque. Vauxcelles descreveu a obra como “cheia de pequenos cubos”, uma observação que rapidamente levou ao uso generalizado do termo, apesar da inicial resistência dos criadores.

O Cubismo evoluiu para o Cubismo Sintético por volta de 1912, que se caracteriza pela reintrodução da cor e pela simplificação das formas. Nesta fase, os artistas passaram a incorporar elementos de colagem e materiais diversos, substituem o volume e o espaço da pintura anterior por um vocabulário baseado na fragmentação e a simultaneidade das formas e criam uma nova dimensão do espaço antinaturalista e irracional rompendo ainda mais com as tradições pictóricas anteriores e enfatizando a autonomia da arte.

Durante o seu período neoclássico, Picasso explorou o tema da maternidade e à relação especial entre mãe e filho, criando obras que evocavam a solidez e a vitalidade de estátuas antigas. Essas pinturas são marcadas por uma paleta suave de cinzas e rosas e destacam a figura feminina como um símbolo de força e ligação com a terra. A maternidade mostra uma mulher vestida com um vestido branco clássico enquanto segura um bebê se contorcendo no colo. Ela está tão absorta com o filho que não sabe que os estamos observando. A sua interação é ao mesmo tempo animada e tranquila, evocando um lirismo terno e o espírito calmante da maternidade. O período neoclássico de Picasso durou até cerca de 1925, quando sua arte tomou ainda outra direção.


Manuel Pereira da Silva
Maternidade
1965 
Gesso sobre estrutura de alumínio 
53 cm x105 cm x 56 cm

Os Três Dançarinos foram pintados por Picasso em junho de 1925. A pintura mostra três dançarinos, o da direita quase não é visível. Ocorre uma dança macabra, com a dançarina da esquerda com a cabeça inclinada em um ângulo quase impossível. O dançarino da direita costuma ser interpretado como sendo Ramon Pichot, amigo de Picasso que morreu durante a pintura dos Três Dançarinos. O da esquerda é a esposa de Pichot, Germaine Gargallo, e o do centro é o namorado de Germaine, Carlos Casagemas, também amigo de Picasso. Casagemas suicidou-se depois de não conseguir disparar sobre Germaine, vinte e cinco anos antes da morte de Pichot, e a perda de dois dos seus melhores amigos estimulou Picasso a pintar esta representação arrepiante do triângulo amoroso.


Pablo Picasso
Os três dançarinos
1925


Manuel Pereira da Silva
Dança
1980
Óleo sobre tela 
69 cm x 84 cm


Manuel Pereira da Silva
Dança
1959 
Gesso sobre estrutura de alumínio 
60 cm x 78 cm x 41 cm

Picasso pintou Os Três Dançarinos em Paris depois de uma viagem a Monte Carlo com sua esposa, a bailarina Olga Khokhlova. Nessa época, Picasso foi atraído pelo movimento surrealista de Andre Breton. Esta obra radical marca a entrada de Picasso no surrealismo e a descida às suas representações perturbadoras da forma feminina. No entanto, ele nunca foi um membro totalmente inscrito no movimento surrealista: sua resposta artística realista e sua individualidade nunca se submeteram verdadeiramente aos conceitos freudianos do movimento de supremacia do estado subconsciente. No entanto, os surrealistas emergentes do movimento dadaísta reivindicaram Picasso como seu, com a reprodução de Les Demoiselles d'Avignon (1907) no seu manifesto de 1925 para endossar a sua influência no seu trabalho. Os Três Dançarinos é semelhante a Les Demoiselles a'Avignon no seu impacto revolucionário - mas não são os elementos do primitivismo, mas o frenesim psicótico das mulheres que é perturbador. 


Pablo Picasso
Dança
1929


Manuel Pereira da Silva
Dança
1956
Aguarela sobre cartolina 
50 cm x 54 cm


Manuel Pereira da Silva
Dança
1979
Esferográfica sobre cartolina 
40 cm x 58 cm


Manuel Pereira da Silva
Dança
1990
Aguarela sobre cartolina 
27 cm x 33 cm

A relação de Picasso com o Surrealismo, embora não oficial, é evidente em obras como a Crucificação (1930), que continua a explorar a distorção das formas corporais e as caretas maníacas, combinadas com a estrutura piramidal das figuras, características que ecoam a angústia e o caos de suas experiências pessoais e artísticas.


Pablo Picasso
Crucificação
1930


Manuel Pereira da Silva
Crucificação
1955
Aguarela sobre cartolina 
27 cm x 38 cm


Manuel Pereira da Silva
Crucificação
1979
Esferográfica sobre cartolina 50 cm x 65 cm

Assim, o Cubismo, desde suas origens com Picasso e Braque até suas evoluções e influências subsequentes, representa uma das transformações mais significativas na arte moderna, desafiando perceções tradicionais e abrindo caminho para novas formas de expressão e interpretação artística.

segunda-feira, maio 27, 2024

Séc. XX Abstração norte americana

 Alguns dos protagonistas da abstração norte americana do pós-guerra não compartem o caracter gestual do expressionismo abstrato e optam pelo desenvolvimento de linguagens geométricas, em especial os artistas alemães emigrados nos Estados Unidos da América na década de 1930. Entre eles destacam-se Josef Albers (1888 – 1976), antigo professor da Bauhaus que permaneceu sempre fiel ao espírito construtivo desta prestigiosa escola que reconciliou a claridade geométrica com formas abstratas mais expressivas.


Josef Albers
Estudo de cores para uma "Variante/Adobe"
1948 
Óleo sobre papel absorvente
© 2020 Fundação Josef e Anni Albers/ARS, NY


Manuel Pereira da Silva
Sem título
1959
Óleo sobre cartolina 1959 
49 cm x 42 cm

Manuel Pereira da Silva (1920 – 2003) foi um artista português cujo trabalho, embora predominantemente conhecido na área da escultura, também inclui uma importante série de pinturas abstratas que começaram a ser desenvolvidas em 1958. Essas pinturas são caracterizadas pelo uso de formas geométricas retilíneas, como retângulos e quadrados, e pela aplicação de cores primárias. 

O processo criativo de Manuel Pereira da Silva é notável pela sua abordagem meticulosa e detalhada. Antes de executar suas pinturas finais, o artista dedicava um tempo considerável à fase de preparação. Esta fase envolvia a produção de uma série de estudos detalhados e esquemas cromáticos que ajudavam a cristalizar a ideia inicial. Esses estudos preparatórios permitiam que ele planejasse cada aspeto da pintura com precisão. Assim, embora a execução da pintura final pudesse levar apenas algumas horas, o trabalho preparatório era extenso e aprofundado, refletindo a importância que ele atribuía à planificação e à conceção da obra.

As exposições de Manuel Pereira da Silva frequentemente destacavam esse aspeto de seu processo criativo, apresentando não apenas as pinturas finais, mas também os desenhos preparatórios e estudos cromáticos. Isso oferecia ao público uma visão completa de como suas ideias evoluíam desde a conceção inicial até a realização final. 

Além das pinturas, Manuel Pereira da Silva utilizava o suporte papel de forma significativa. O papel permitia uma abordagem mais informal e experimental, um contraste com a precisão meticulosa de seus trabalhos finais. Nesse meio, ele podia explorar livremente variações de cores e formas, permitindo uma espontaneidade que complementava seu método de trabalho rigoroso. Assim, o papel servia como um espaço de experimentação e desenvolvimento de ideias, um lugar onde a criatividade podia fluir de maneira mais livre e menos contida.

Portanto, enquanto a escultura pode ser vista como o principal campo de atuação de Manuel Pereira da Silva, suas pinturas abstratas e os processos preparatórios que as antecediam revelam um aspeto fundamental de seu trabalho artístico, marcado pela dualidade entre planificação rigorosa e experimentação espontânea.


Manuel Pereira da Silva
Sem título
1959
Óleo so cmbre cartolina 1959 
49 cm x 42 cm

A linguagem emocional de Mark Rothko (1903 – 1970), um emigrado de origem da Letónia, também se alheia da carga gestual. Com a finalidade de estimular emoções profundas no espectador, o pintor organiza as suas pinturas com base em campos de cor de formas retangulares vibrantes que parecem flutuar sobre um espaço indeterminado. Seus retângulos coloridos pareciam desmaterializar-se em pura luz.


Mark Rothko
Sem título 
1949
Óleo sobre tela
142 cm x 121 cm
Anita Rogers Gallery


Manuel Pereira da Silva
Sem título
1958 
Óleo sobre platex 
148 cm x 129 cm

Após ter experimentado o expressionismo abstrato e o surrealismo, ele desenvolveu, no final dos anos 1940, uma nova forma de pintar. Hostil ao expressionismo da Action Painting, Mark Rothko (assim como Barnett Newman e Clyfford Still) inventa uma forma meditativa de pintar, que o crítico Clement Greenberg definiu como Colorfield Painting "pintura do campo de cor".


Mark Rothko
Sem título 
1968 
Acrílico sobre papel aquarela montado sobre linho
Coleção particular, Nova York. Direitos autorais © 2023 Kate Rothko Prizel e Christopher Rothko

Willem de Kooning (1904 – 1997), um dos criadores do expressionismo abstrato norte americano, representa uma imagem de vida e morte, que se contrapõe ao mundo idílico do Éden. A composição gestual, transcendental e moral, explora a distorção corporal e introduz a simbologia da crucificação com uma violenta dissecação dos atributos simbólicos de Gólgota: os pregos da cruz, a escada e o crânio.


Willem de Kooning
Abstraction
1949
Oil and oleoresin on cardboard. 41 x 49 cm
Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid


Pablo Picasso
Crucificação
1930


Manuel Pereira da Silva
Crucificação
1955
Técnica mista sobre cartolina
34 cm x 25 cm

Manuel Pereira da Silva como muitos artistas da Escola do Porto, manteve uma forte ligação com a tradição do sublime através da abstração. Sua abordagem artística, inovadora para a época, desvinculava-se da representação literal da natureza, focando-se em expressar emoções pessoais e poéticas visuais através de uma linguagem estética abstrata.

As obras de Manuel Pereira da Silva, assim como as de seus colegas abstracionistas, não buscavam descrever o mundo natural de maneira direta. Em vez disso, as formas nas suas pinturas e esculturas podiam sugerir elementos da natureza – como partes do corpo humano, paisagens ou interiores – sem a intenção de representá-los fielmente. A abstração servia como um meio para comunicar as emoções e visões subjetivas dos artistas, transcorrendo além da mera imitação do mundo visível.

Um exemplo significativo desse enfoque pode ser observado na série da crucificação de Manuel Pereira da Silva. Nesta série, as formas geométricas e as composições abstratas são utilizadas para evocar sentimentos e reflexões sobre o sofrimento, a dor e a transcendência, temas tradicionalmente associados à crucificação. As obras não se prendem a representar a figura de Cristo ou a cena literal da crucificação, mas sim a expressar as emoções intensas e a experiência humana associada ao evento.


Manuel Pereira da Silva
Crucificação
1978
Esferográfica sobre cartolina
Dim. 33 cm x 59 cm


Manuel Pereira da Silva
Crucificação
1979
Esferográfica sobre cartolina
Dim. 50 cm x 65 cm

Dessa maneira, Manuel Pereira da Silva e seus contemporâneos da Escola do Porto exploravam a capacidade da arte abstrata de comunicar de forma profunda e subjetiva. Suas obras arrojadas, ao evitarem a representação direta, permitiam que o espectador se conectasse com as emoções e as experiências interiores dos artistas, tornando a abstração um veículo poderoso para a expressão do sublime.

A composição de mulheres é um dos primeiros trabalhos da longa sequência de pinturas de mulheres de Willem de Kooning, que culminou em uma das revisões mais agressivas da figura feminina na história da arte. Começou como um estudo para um retrato encomendado que o artista nunca concluiu, o retrato serviu como veículo para De Kooning explorar o seu interesse contínuo em fundir temas figurativos com as preocupações pictóricas da abstração. Embora as distorções anatômicas intencionais reflitam a influência de Pablo Picasso, a figura sentada também lembra as mulheres sensuais pintadas pelo artista francês do século XIX, Jean-Auguste-Dominique Ingres, com seus corpetes justos e traços delicados.


Willem de Kooning (1904 – 1997)
1940
Mulher sentada
Óleo e carvão em Masonite
Dimensões: 137 cm × 91 cm
Coleção Albert M. Greenfield e Elizabeth M. Greenfield, 1974


Manuel Pereira da Silva
Mulher sentada
1957
Guache e Carvão sobre cartolina 
40 cm x 53 cm

Em 1938 começou sua série intitulada Mulheres, que causou sensação no circuito artístico, com um tema que se tornaria recorrente em sua produção.[5] Na década de 1940 juntou-se a um grupo de artistas, incluindo Jackson Pollock, Franz Kline, Robert Motherwell, Adolph Gottlieb, Ad Reinhardt, Barnett Newman e Mark Rothko, que formariam a chamada Escola de Nova Iorque. Eles lutavam para encontrar um caminho pessoal que superasse as grandes correntes da época, como o cubismo, o surrealismo e o regionalismo. Seus gestos emotivos e peças abstratas foram o resultado de sua tentativa de se distanciar dos outros movimentos. O estilo que eles inauguraram se tornou conhecido como expressionismo abstrato ou action painting.


Willem de Kooning 
1969
Mulher sentada
bronze, 113 x 147 x 94 inches
Private collection
Photograph by Adam Bartos


Manuel Pereira da Silva
Mulher Sentada
1957
Gesso sobre estrutura de alumínio
54 cm x 68 cm x 41 cm


Manuel Pereira da Silva
Mulher sentada
1957
Guache e Carvão sobre cartolina 
41 cm x 65 cm

Manuel Pereira da Silva compartilha com Willem de Kooning um interesse profundo pela figura feminina e pela integração de temas figurativos com preocupações abstratas. Em suas obras, Manuel Pereira da Silva frequentemente explora temas como mulheres sentadas, mulheres reclinadas, maternidade, família e casais. Embora as figuras em suas obras muitas vezes sejam quase completamente dissolvidas na abstração, há uma presença constante de referências figurativas percetíveis, indicando uma ligação inquebrável com a representação do humano.

De Kooning, por sua vez, iniciou sua famosa sequência de pinturas de mulheres com "Woman I," que é considerada uma das revisões mais agressivas da figura feminina na história da arte. Esta série começou como um estudo para um retrato encomendado que nunca foi concluído, servindo como um veículo para explorar a fusão de temas figurativos com a abstração. Suas distorções anatômicas intencionais refletem a influência de Pablo Picasso, enquanto as figuras femininas também evocam as mulheres sensuais de Jean-Auguste-Dominique Ingres, com seus corpetes justos e traços delicados.


Pablo Picasso
Mulher Sentada 
1937


Manuel Pereira da Silva
Mulher Sentada
1952
Gesso sobre estrutura de alumínio
14 cm x 23 cm x 45 cm

Manuel Pereira da Silva, apesar de seu foco principal em escultura, também manteve uma produção significativa de pinturas e desenhos em que o corpo feminino é um tema recorrente. Assim como de Kooning, suas representações femininas não são retratos realistas, mas sim interpretações que combinam a figuração com elementos abstratos. Esta abordagem permite uma expressão mais livre das emoções e das poéticas visuais do artista, afastando-se da mera representação literal e entrando no domínio da sugestão e da evocação.


Manuel Pereira da Silva
Mulher sentada
1957
Guache e Carvão sobre cartolina 
40 cm x 53 cm

Portanto, enquanto De Kooning é conhecido por suas abordagens mais agressivas e expressivas da figura feminina, Manuel Pereira da Silva explora esses temas de maneira que as figuras, mesmo quase dissolvidas na abstração, mantêm uma referência percetível, revelando sua profunda conexão com a figuração e os temas humanos.

sábado, maio 18, 2024

P55.Art – A Plataforma de Arte - ID 14730381

 


P55.Art – A Plataforma de Arte - ID 14730381
Manuel Pereira da Silva (1920-2003)
Esferográfica sobre papel
Assinado e datado de 1988
Dim.: 30 cm x 43 cm


terça-feira, maio 07, 2024

Séc. XX Figuração europeia do pós-guerra

Durante os anos centrais do século XX, a arte europeia passou por uma transformação significativa. Embora os seguidores dos informalismos europeus enfatizassem a textura e a irregularidade, emergiram novas linguagens figurativas que configuraram uma imagem do homem contemporâneo por meio de novos padrões de liberdade expressiva.

Lucian Freud e Henry Moore

Para os britânicos, o ser humano tornou-se um tema central. Lucian Freud, por exemplo, destacou-se por suas representações intensamente realistas e detalhadas do corpo humano. Suas pinturas capturavam a vulnerabilidade e a fisicalidade da figura humana, revelando tanto a beleza quanto as imperfeições do corpo. Henry Moore, por outro lado, explorou a forma humana através de suas esculturas monumentais e abstratas, que frequentemente remetiam a formas orgânicas e primordiais. As obras de Moore combinavam o figurativo com uma linguagem plástica que aproximava a abstração da matéria, resultando em uma síntese inovadora e expressiva.

Manuel Pereira da Silva

Em Portugal, Manuel Pereira da Silva seguiu essa tendência. Sua obra combinava o figurativo com uma linguagem plástica próxima à abstração da matéria, criando uma ponte entre a representação humana e a exploração abstrata dos materiais. Suas esculturas capturavam a essência da forma humana enquanto exploravam novas possibilidades de expressão plástica.


Lucian Freud
Retrato de um Homem (Barão H.H. Thyssen-Bornemisza)
1981 - 1982
Óleo sobre tela. 51 x 40 cm
Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid


Manuel Pereira da Silva
Retrato do pintor Reis Teixeira
1958
Óleo sobre tela, 54 x 42 cm


Henry Moore
Duas Mães com os filhos nos braços
1941
Esferográfica, lápis e aguarela em papel. 38 x 56.4 cm
Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid


Manuel Pereira da Silva
Mãe com o filho nos braços
1955
Aguarela sobre cartolina, 29 x 39 cm


Manuel Pereira da Silva
Mães com os filhos nos braços
1962
Óleo sobre cartolina, 50 x 32 cm


Manuel Pereira da Silva
Mulher com criança nos braços
1952
Gesso sobre estrutura de alumínio, 31 x 32 x 55 cm

Francis Bacon e Alberto Giacometti

Outros artistas deste período foram marcados por um sentimento de pessimismo e ansiedade, provocado pelas crises das duas guerras mundiais. Esses artistas impuseram um novo sentido de alienação do corpo, representando-o de maneiras distorcidas e machucadas. Francis Bacon, por exemplo, é conhecido por suas representações de figuras inumanas e perturbadoras, que parecem aprisionadas em um estado de sofrimento perpétuo. Suas obras refletem uma visão sombria e desesperançada da condição humana.

Alberto Giacometti, por sua vez, retratou o corpo humano de maneira desintegrada, com suas figuras evanescentes e longilíneas que parecem à beira da dissolução. Suas esculturas esguias e frágeis capturam um sentimento profundo de alienação e desesperança, simbolizando a fragilidade da existência humana diante das crises do século XX.


Alberto Giacometti
Nu reclinado visto de trás
1959
Tinta-da-china sobre papel. 26 x 37 cm
Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid


Manuel Pereira da Silva
Mulher reclinada
1984
Óleo sobre tela, 63 x 84 cm


Manuel Pereira da Silva
Mulher reclinada
1990
Gesso, 70 x 52 x 37 cm



Manuel Pereira da Silva
Mulher reclinada
1985
Esferográfica sobre cartolina, 50 x 65 cm

 

Manuel Pereira da Silva
Mulher reclinada
1986
Esferográfica sobre cartolina, 50 x 65 cm


Manuel Pereira da Silva
Mulher reclinada
1986
Esferográfica sobre cartolina, 50 x 65 cm

A arte figurativa europeia do pós-guerra é marcada por uma busca por novas formas de expressão que capturam a condição humana em sua plenitude. Artistas como Lucian Freud, Henry Moore, Manuel Pereira da Silva, Francis Bacon e Alberto Giacometti exemplificam as diversas abordagens e sensibilidades deste período. Enquanto alguns buscaram uma síntese entre o figurativo e a abstração, outros exploraram a alienação e o sofrimento humano, refletindo as complexidades e as incertezas da era pós-guerra.