Como sucede com a pintura abstracta, em Espanha produz-se uma autêntica eclosão de escultores dentro da corrente, alguns dos quais podem-se qualificar de extraordinários. Só Espanha podia preencher por si só as páginas da história da abstracção pictórica e escultórica, tal é a sua riqueza, variedade e originalidade; não admira os princípios cubistas picassianos foram as origens da Abstracção, mas também a própria impressão hispânica, a força da raça, a fecunda veia artística espanhola acumulada durante séculos que plasmou já no século XX, em praticamente todos os estilos e vanguardas, uma arte distintiva. Na escultura abstracta da segunda metade do século não há apenas escolas, apenas figuras individuais independentes que se destacam por elas mesmas, e surpreende pela quantidade de formas e estilos diferentes que cada um de estes artistas pode dar a uma arte única como a abstracta, tão árida e austera às vezes.
Alguns dos escultores abstractos mais significativos das gerações que acontecem na segunda metade do século, como mostra de dois tipos de escultura abstracta: a correspondente à primeira geração de escultores abstractos, com artistas que nascem no primeiro terço do século, e obras em que a matéria e a forma seguem todavia a tradição escultórica, mudando da natureza figurativa para a abstracta; e a escultura da segunda geração, cujos artífices nascem no segundo terço do século, na qual a matéria se multiplica, introduzindo novidades e combinações de todo o tipo de elementos (com abundância de materiais orgânicos), e a forma expande-se no espaço, rompendo a unidade formal anterior, fazendo umas vezes arquitectura, outras vezes suspensões aéreas, outras instalações de grande complexidade cujas peças se expandem pelo solo, e algumas outras morfologias da natureza inconcreta, pseudo-organica, numa grande versatilidade e variedade imaginativa.
Jorge Oteiza Enbil (Orio, Gipuzkoa, 1908 – Donostia, Gipuzkoa, 2003) foi um famoso escultor, desenhador, pintor e escritor basco, nascido na região de Navarra.
Modernista declarado, publicou em 1962 o livro Quosque tandem, o qual tratava da arte pré-histórica no País Basco, período no qual muito se inspirou.
De grande importância para Espanha e, essencialmente para o País Basco, as suas obras podem ser vistas nos melhores museus do seu país e da Europa. A Desordenação do Espaço, por exemplo, uma das suas obras mais conhecidas, encontra-se actualmente exposta no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
No seu inicio, Oteiza efectua trabalhos figurativos em que se percebe a influência de Henry Moore, para a partir da sua volta a Espanha introduz-se por completo na senda da abstracção geométrica, com uma criação pessoal livre, influenciado pelo Mestre do Suprematismo, Malevitch.
Pablo Palazuelo de la Peña (Madrid, 6 de Outubro de 1916 - Galapagar, Madrid; 3 de Outubro de 2007)
Palzuelo, outro grande da escultura abstracta geométrica, que inscreve a sua obra, de grande beleza de linhas e modelagem, dentro do mais avançado e poético do género. As linhas geométricas limpas, elegantes e suaves, finamente traçadas, de grande modernidade e beleza de desenho; as figuras geométricas elementares forjadas em pranchas metálicas laminares, com ângulos, planos, cortes e encontros de grande simplicidade e jogos de luz e sombra; as lâminas suavemente curvadas e os módulos em L; A intercepção de planos encontrados, são algumas das notas predominantes da sua obra escultórica.
Eduardo Chillida (San Sebastián, 10 de Janeiro de 1924 – San Sebastián, 19 de Agosto de 2002) foi um dos mais famosos escultores e gravuristas modernistas espanhóis. Junto com Jorge Oteiza, Chillida é considerado o escultor com mais destaque no século XX.
Seguidor da tradição de Pablo Picasso, após abandonar os estudos, ingressa num curso de desenho e começa, enfim, a esculpir ferro.
Em 1948 muda-se para Paris, onde se tornou amigo de Pablo Palazuelo, que o influenciou profundamente na sua carreira artística, concedendo-lhe o gosto pelo abstraccionismo.
Chillida aplica a abstracção escultórica a máxima força, robustez, expressão e estruturação livre, e em contraste, a máxima formosura, delicadeza e poesia, que introduz já desde o seu começo nos seus belos títulos. As grandes estruturas de Chillida, cheias de aprumo e solidez, insurgem-se no espaço como volumes de liberdade, solidificados ao abraço com o ar. As suas construções, nunca rígidas na sua forma, sempre livres e movidas no seu desenho linear, alternam as composições geométricas de rectas e curvas, projectando-se no vazio e alterando todas as leis da gravidade, com a ousadia do escultor poeta que no seu desejo de sublimar a matéria, faze-la leve, chega a roçar o intangível. Chillida é um dos maiores escultores abstractos hispânicos, despontando só na sua escalada para o impossível, possui na sua obra muito da poesia, de uma poesia que se poderia ligar com o poeta Alemão do sublime e do impossível que foi Rainer Maria Rilke, e muito da musicalidade que compusera outro Alemão soberbo, Bach, com o qual o escultor se identifica, assim como possui muito do pensamento, talvez pela sua atracção por Goethe e por Heidegger.
No início da sua carreira costumava utilizar materiais como a madeira e o ferro. Porém, quando começa a explorar a arte abstracta, começa a interessar-se por materiais mais diversos como a pedra e a luz.
Seis anos mais tarde, realiza a sua primeira exposição individual, sendo esta a primeira mostra de escultura abstracta realizada em Espanha. Após esta exposição, é convidado pelo arquitecto Ramón Vázquez Molezún para participar na Trienal de Arte de Milão, em Itália, recebendo seguidamente, o Diploma de Honor.
Participou, em 1959, na segunda Documenta de Kassel.
Na década de 1970, Chillida dedica-se a observar a Natureza em busca de informação sobre as formas e cores das plantas e de inspiração, e, a partir da década de 1980, passa a conciliar a sua arte com espaços naturais e, minoritariamente, urbanos.
Em 1987, torna-se académico da Real Academia de Belas-Artes de São Fernando e, dois anos antes da sua morte, concretiza um dos seus sonhos, inaugurando um museu dedicado a si próprio, o Museu Chillida-Leku.