Ficha Técnica: Manuel Pereira da
Silva “Envolvências…”
Exposição
Organização: Pelouro da Cultura
da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Casa-Museu Teixeira Lopes, Junta de
Freguesia de Avintes e Parque Biológico de Gaia.
Comissário da Exposição:
Delfim Sousa.
Projeto de Montagem: Delfim
Sousa e Pedro Nunes.
Coordenação Técnica de
Montagem: Laurinda Dias.
Montagem: Equipa Técnica da
Casa-Museu Teixeira Lopes.
Restauro: Daniela Prata.
Serviço Educativo: Delfim
Sousa.
Web Site: http://manuelpereiradasilva.blogspot.com
Data: 12 de Março a 23 Abril
de 2011 na Casa-Museu Teixeira Lopes e de 23 de Junho a 23 de Julho de 2011 no
Parque Biológico de Gaia.
Catálogo
Textos: Delfim Sousa, Nuno
Gomes Oliveira Pedro Nunes e Manuela Nunes.
Fotografia: Lauren Maganette.
Design: Grafislab.
Execução Gráfica: Grafislab.
Impressão e Acabamento: Grafislab.
Edição Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova
de Gaia, Casa-Museu Teixeira Lopes e Parque Biológico de Gaia.
Nº Exemplares: 250.
Esta exposição é também uma
homenagem a Manuel Pereira da Silva, aqui, nesta sala do Aureliano Lima, amigo
de Manuel Pereira da Silva, que ajudou muito Aureliano Lima, nomeadamente
cedendo o seu ateliê, Manuel Pereira da Silva prolongava também no seu ateliê o
ensinamento, a ajuda a entreajuda entre artistas.
Estes momentos de abstracionismo
aqui revelados nalgumas esculturas em que saliento a forma como Manuel Pereira
da Silva representa a família, o homem a mulher e os filhos, através de linhas
geométricas tão bonitas. As esculturas de Manuel Pereira da Silva começam
sempre pelos desenhos, que é a alma do artista, normalmente os escultores
desenham sempre muito bem.
Manuel Pereira da Silva foi
também um grande interventor social, foi Presidente da Junta de Freguesia de
Avintes, participou na criação e na estrutura diretiva de algumas Associações
de Avintes assim como contribuiu com o seu trabalho, através da realização de
estátuas, bustos e medalhas para todas as coletividades de Avintes, sua terra
natal, de uma forma generosa.
Delfim Sousa Diretor da Casa-Museu Teixeira Lopes
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Nasceu no lugar de Portelas, Avintes, em 1920. Fez a
instrução primária na Escola de Cabanões, o ensino secundário na Escola Faria
de Guimarães (Soares dos Reis) e ingressou na Escola de Belas Artes do Porto
onde terminou o curso com brilhantismo, sendo contemplado, por isso, com os
prémios Soares dos Reis e Teixeira Lopes. De seguida, Manuel Pereira da Silva
rumou a Paris na companhia do seu condescipulo, o famoso pintor Júlio Resende.
Ali frequentou vários cursos de escultura e aprendeu a técnica do “fresco”.
Montou atelier na Rua Afonso de Albuquerque, em Gaia e,
mais tarde, transferiu-o para Avintes. Para complementar a sobrevivência,
Manuel Pereira da Silva, foi professor do ensino secundário. Manuel Pereira da
Silva desenvolveu a sua arte num tempo de grande renovação artística.
Pontificava na pintura a estética do cubismo de Pablo Picasso e a escultura era
influenciada pelas obras de de Auguste Rodin e Constantin Brancusi. Neste caldo
fervilhante de inovação, Manuel Pereira da Silva, como qualquer outro artista,
ousou e sonhou criar um estilo original.
É autor, entre outras, das seguintes obras: Frescos da
Capela-Mor da Igreja de Santa Luzia de Viana do Castelo, baixo-relevo Pedro
Pitões no Palácio da Justiça do Porto, monumento a Fernando Couto em Sandim,
monumento ao Lavrador em Gulpilhares, monumento ao Padre Araújo em Avintes,
monumento ao Atleta em Avintes, monumento aos Bombeiros em Avintes, Gondomar e
Freamunde; Quanto a bustos, Manuel Pereira da Silva é autor das seguintes
obras: Fernando Pessa e José Hermano Saraiva, Lisboa, Francisco Viana, Henrique
Moreira, Adriano Sá Figueiredo e Dr. Adelino Gomes, todos em Avintes e Alves de
Sousa em Vilar de Andorinho.
Escultor com elevada sensibilidade para as temáticas
sociais, Manuel Pereira da Silva pôs o seu talento ao serviço de várias
associações ou movimentos cívicos avintenses e foi um exemplo de generosidade,
de descrição nos gestos e de empenhamento na construção da cidadania e da
democracia. Em 13 de Abril de 1987, foi-lhe atribuída, pela Assembleia de
Freguesia de Avintes, a Medalha de Honra e em 2000 a Medalha de Ouro de Mérito
Cultural pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. (1920-2003)
Nuno Gomes Oliveira
Presidente da Junta de Freguesia de Avintes e Diretor do Parque Biológico de Gaia
Presidente da Junta de Freguesia de Avintes e Diretor do Parque Biológico de Gaia
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A obra de Manuel Pereira da
Silva tem uma orientação formal abstrata inspirada na figura humana, em
particular no homem e na mulher. Reconhecem-se duas orientações, distintas nos
respetivos propósitos estéticos: as peças concebidas em conformidade com a
tradição académica do século XIX europeu, em geral respondendo a encomendas; as
peças que, conservando de uma forma essencial a figura humana como referente,
se afastam da sua representação naturalista, antes obedecendo a critérios
formais de sentido abstrato, exercitando uma das vias pelas quais o modernismo
acedeu à abstração pura, entendida esta como a criação de formas nas quais não
se evidencia, ou não existe de facto, referente figurativo.
As primeiras esculturas
modernistas de Manuel Pereira da Silva surgiram nos anos pioneiros do abstracionismo
escultórico em Portugal. A arte abstrata portuguesa está historicamente ligada
às exposições “independentes”, cujo principal organizador e animador, Fernando
Lanhas, é coincidentemente a figura central desse abstracionismo. Após uma I
Exposição, em Abril de 1943, nas instalações da Escola de Belas Artes do Porto,
onde já se poderá verificar a presença do futuro “núcleo duro” dos “independentes”,
como sejam Júlio Resende, Fernando Fernandes, Nadir Afonso, Arlindo Rocha,
Altino Maia, Mário Truta, Serafim Teixeira, Augusto Tavares e Manuel Pereira da
Silva. As exposições “independentes” passam a ter lugar fora da Escola e,
várias vezes, fora do Porto. Este movimento só faria sentido pela conjuntura
formada pelos Diretores da Escola Superior de Belas Artes do Porto nos anos 40,
onde Dordio Gomes, na Pintura, Barata Feyo, na Escultura, e Carlos Ramos, na Arquitetura,
permitiram um novo fôlego, respirando as vanguardas artísticas que se
continuavam a afirmar na Europa.
No Porto, os estudantes de
todos os cursos, Arquitetura, Pintura e Escultura, conviviam intimamente, não
só por terem estudos preparatórios comuns, como pelo facto das três Artes serem
consideradas inseparáveis. Havia discussões sobre o Modernismo na Arte, e um
latente inconformismo em relação ao ensino clássico. São inúmeros os exemplos
de estreita colaboração de Artistas Plásticos em obras de Arquitetura. Da
colaboração com o Arquiteto Carlos Neves, Manuel Pereira da Silva realiza uma
decoração mural a fresco da sapataria “Branca de Neve” na Rua Santa Catarina,
no Porto e duas figuras decorativas em edifícios no Jardim do Marquês de
Pombal, no Porto.
No território africano sob
domínio colonial português, menos sujeito à pressão dos cânones culturais do
Estado Novo e ao mesmo tempo com mais necessidades de construção urbana, houve
espaço para que os artistas portugueses pudessem explorar livremente o
Movimento Moderno. Vários arquitetos portugueses, sobretudo os da Escola do
Porto, tentaram que os edifícios fossem obras completas, integrando a arquitetura
e a arte – painéis de azulejos, murais em pastilha vidrada, painéis cerâmicos,
murais em mármore gravado, murais de seixos embutidos, desenhos figurativos e abstratos,
formas geométricas, cores. Manuel Pereira da Silva também fez parte deste
movimento moderno, na escultura, com trabalhos realizados em Moçambique,
Guiné-Bissau e Angola. Participa na Exposição da Vida e da Arte Portuguesas em
Lourenço Marques, Moçambique (1946). Em 1955, Manuel Pereira da Silva concebeu
a estátua a Ulysses Grant, 18º Presidente dos E.U.A., vencedora do concurso
público lançado para o efeito, pelo Ministério do Ultramar, erigida frente ao
edifício dos Paços do Concelho de Bolama, na Guiné-Bissau. Em 1960, Manuel
Pereira da Silva realizou, "África", este baixo-relevo, em faiança
policromada, destinado à decoração da fachada de um edifício situado na
marginal da Baía de Luanda, Angola.
Em meados do século XIX, a
Praça Nova foi um núcleo da vida social da cidade do Porto, ponto de encontro
da Geração Romântica. O Passeio da Cardosa, também conhecido por "Real
Clube dos Encostados", era um local de reunião da vida literária e boémia.
Os cafés que foram surgindo em torno desse espaço, na Baixa portuense,
desempenharam um importante papel de locais públicos de intercâmbio de ideias e
de difusão de culturas. Poderemos mesmo dizer que, no Porto, os cafés
rivalizaram com as academias na divulgação de obras literárias, nas discussões
sobre correntes estéticas e artísticas, no debate político sobre planos de luta
e resistência ao poder instituído. O Café Palladium, aberto em 4 de Novembro de
1940, ocupou quatro pisos do edifício de Marques da Silva, cujas obras de
reconversão foram da autoria de Mário de Abreu. Tinha salão de jogos, salão de
chá e um cabaret. Atraía uma clientela ligada à Arte e às Letras, como Jorge de
Sena, José Régio, Adolfo Casais Monteiro, SantAna Dionísio, Alfredo Pereira
Gomes, Alberto Serpa, Nadir Afonso, Júlio Resende, Manuel Pereira da Silva,
entre outros, e foi encerrado nos anos 70. Na Praça de D. João I, o Café Rialto
projetado por Artur Andrade, em 1944, ocupava o edifício mais alto do país
nessa época, da autoria de Rogério de Azevedo, possuindo no piso térreo um
mural de Abel Salazar 28 e na cave frescos de Dordio Gomes e Guilherme
Camarinha, e na escadaria um painel cerâmico de António Duarte. Era frequentado
por Arménio Losa e pela sua esposa, a escritora Ilse Losa, também por António
Ramos de Almeida que dirigia a Página Cultural do Jornal de Notícias, pelos
poetas Pedro Homem de Melo, Papiniano Carlos, Manuel Pereira da Silva, Daniel
Filipe, Luís Veiga Leitão, António Rebordão Ramalho, e também pelos membros do
Teatro Experimental do Porto: António Pedro, Dalila Rocha, João Guedes, Augusto
Gomes, Fernanda Alves, Vasco Lima Couto e Egipto Gonçalves. Encerrou em 1972,
dando também lugar a uma agência bancária.
Estas são nada mais do que
algumas pinceladas sobre o seu trabalho.
Pedro Nunes Pereira da Silva
Manuela Nunes Pereira da Silva