segunda-feira, outubro 07, 2019

Santuário de Santa Luzia e do Sagrado Coração de Jesus




Templo situado em zona privilegiada, quer pela vista que se vislumbra da zona envolvente, quer pelo caráter sagrado do local, ocupado desde a Pré-história, por uma civilização castreja e onde se manteve, desde a Idade Média, uma capela com culto.




O Templo-Monumento glorifica o nome de Santa Luzia, advogada da vista a quem o Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa recorre, na extinta capela de Santa Luzia, acometido de uma grave oftalmia. Já convalescido, institui a Confraria de Santa Luzia, como forma de gratificar a graça recebida.

Contudo, é o Sagrado Coração de Jesus o padroeiro do monumento, cuja devoção dos vianenses já vinha desde 1743. Mas foi durante a pandemia da Pneumónica, corria o ano de 1918, que a cidade, chorosa pelos seus entes queridos que haviam perecido, e aterrorizada com a violência de tal flagelo, se consagrou ao Sagrado Coração de Jesus, prometendo subir anualmente em peregrinação ao Monte de Santa Luzia se a pneumónica não ceifasse mais nenhuma vida. Cessada a mortandade, os vianenses fizeram jus ao prometido e rumaram monte acima onde, desde 1904, se construía o templo. Tal promessa ainda hoje se cumpre, no domingo mais próximo da festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus.

Imbuídas neste espírito, já se realizavam peregrinações, embora sem calendário, desde o século anterior. Foi precisamente durante uma dessas piedosas romagens, por ocasião das Festas d’Agonia de 1894, que o Padre Dias Silvares lançou a ideia de erigir no alto do monte uma estátua ao Sagrado Coração de Jesus, que abençoasse a cidade de Viana do Castelo, o Minho e toda a Nação. Tal proposta foi logo entusiasticamente acolhida, e na mesma altura indicado e admitido o nome do escultor minhoto Aleixo Queiroz Ribeiro para executar a dita obra.

Daí ao Templo-Monumento foi só um passo. Depois de executada a monumental e artística coluna que haveria de servir de suporte à estátua, verificou-se que a mesma não conseguiria suportar a sua posição fortemente inclinada para frente. Então, a estátua foi colocada num pedestal em frente à dita capelinha de Santa Luzia, que só seria demolida em 1926. Aproveitando a majestosa coluna, Miguel Ventura Terra, um dos maiores arquitetos do seu tempo, idealizou uma coluna igual para as implantar diante do templo a construir e servir de suporte a dois anjos. Entre essas duas colunas, Ventura Terra riscou o projeto de um magnífico templo, cuja beleza e magnificência é apenas igualável pela paisagem onde este se insere.

As obras de construção iniciaram-se em 1904, tendo-se desenvolvido animadamente até à proclamação da República, data a partir da qual esmoreceram como consequência do conturbado contexto político e social, e ainda mais abrandaram durante a I Guerra Mundial. Entretanto, o arquiteto Miguel Nogueira, que tinha sido aprendiz de Ventura Terra, assume a direção das obras no ano de 1925, ficando encarregue de concluir o projeto do seu Mestre, devido ao falecimento deste. No ano seguinte deu-se por concluída a capela-mor do templo, tendo sido aberta ao culto pelo Arcebispo e Senhor de Braga e Primaz das Espanhas. As obras do exterior do templo concluíram-se no final do ano de 1943, e as do interior em 1959. O resultado é uma imponente mole granítica cinzelada e executada pelos mestres canteiros da região dirigidos por Emídio Pereira Lima.




Arquitetonicamente, apresenta semelhanças com o Santuário de Sacré Cœur, de Paris. O edifício apresenta uma planta centrada em cruz grega, de raiz bizantina. À mesma matriz vai buscar a enorme cúpula que coroa o edifício, bem como as pequenas cúpulas que encabeçam as quatro torres, estas já inspiradas no estilo românico, assim como a decoração que serpenteia pela fachada do edifício. De gosto gótico são as enormes rosáceas, as maiores da Península Ibérica, emoldurando os belos vitrais que inundam com luz e cor o interior da igreja. Aqui dentro, dois anjos, da autoria de Leopoldo de Almeida, oferecem os escudos de Portugal e de Viana do Castelo ao Sagrado Coração de Jesus, uma réplica da estátua bronze da entrada, esculpida em mármore de Vila Viçosa por Martinho de Brito. A atenção popular e a devoção dos vianenses é dirigida à imagem do Sagrado Coração de Jesus que veio do convento dos Crúzios, e para imagem de Santa Luzia que, juntamente com a da Senhora da Abadia, vieram da capela que antecedeu o templo. E, já que falamos de imagens, a de Nossa Senhora de Fátima merece atenções especiais por parte do povo crente, tanto lusitano como galego.
O altar-mor em granito e mármore, e os altares laterais, dedicados a Santa Luzia e à Senhora da Abadia, foram esculpidos pela mão de Emídio Lima, assim como os púlpitos de linhas ondulantes, cujo desenho é de Miguel Nogueira. As três rosáceas foram executadas pela oficina lisboeta Ricardo Leone.



Os frescos que rodeiam a abside da capela-mor com uma banda de pinturas murais modernistas, divididos por estreito friso, representam respetivamente, parte das estações da Via-Sacra: "Prisão de Cristo", "Julgamento de Cristo", "Cristo encontra as mulheres de Jerusalém", "Cristo encontra Maria", "Cristo ajudado por Cireneu", "Crucificação", "Morte de Cristo", "Descida da cruz", "Soldados jogam as vestes de Cristo"; e emoldurados, inferior e superiormente, por faixa branca, onde corre inscrição latina. A cobertura, em semicúpula, ao centro, apresenta-se pintada em tons de azul, criando o firmamento, representa a Ascensão de Jesus. rodeado por feixes de luz e corte de anjos músicos, fazendo reviver as bandas dos mosaicos paleocristãos, são da autoria de Manuel Pereira da Silva.




Finalmente, o sacrário de prata foi cinzelado pelo mestre ourives portuense Filinto Elísio de Almeida.

Ficha Técnica:

ARQUITETOS: João Guilherme Faria da Costa (1948); Júlio de Brito (1962); Miguel Nogueira (1926-1954), Moreira da Silva (1959); Ventura Terra (1896). CANTEIRO: Emídio Pereira Lima (1928-1956). DESENHADOR: José da Silva Dias (1886-1887). EMPREITEIRO: Francisco Gonçalves Carvalhido (1889-1890). ESCULTOR: Albino Rodrigues Lima (1955); Aleixo Queirós Ribeiro (1895-1896); Gustavo Rocha (1962); Leopoldo de Almeida (1955); Manuel Couto Viana (1934), Martinho de Brito (1959). FUNDIDOR: Fundição de Sinos (1946); Manuel Francisco Cousinha (1952, 1971). OURIVES: Filinto de Almeida (1959). PEDREIROS: José Franco da Cunha (1904); José da Meira (1936); José Rodrigues de Oliveira Lima (1904). PINTOR: Manuel Pereira da Silva (1959). PINTOR de VITRAL: Ricardo Leone (1945-1947). RELOJOEIRO: Serafim da Silva Jerónimo & Filhos (1986).

Artbid - Leilão 1356 / Lote 15



Artbid - Leilão 1356 / Lote 15

MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
'Materninade'
Grafite sobre papel, colado sobre cartolina
Assinado e datado de 1955
42 x 30 cm.


segunda-feira, setembro 30, 2019

Artbid - Leilão 1355 / Lote 26

Artbid - Leilão 1355 / Lote 26
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Sem título
Técnica mista sobre papel, colado sobre cartolina
Assinada
19,5 x 50 cm. (total)

sexta-feira, setembro 27, 2019

Artbid - Leilão 1354 / Lote 34


Artbid - Leilão 1354 / Lote 34
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Bombeiro
Escultura em bronze patinado, assente em base de mármore
Com placa 'Esc. Manuel Pereira da Silva 1994'
46 cm. (alt. total)


quinta-feira, setembro 19, 2019

Artbid - Leilão 1347 / 12


Artbid - Leilão 1347 / 12
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003) (2)
Cavaleiro
Escultura em gesso, junto com estudo a carvão sobre papel
Escultura assinada e datada de 1969
30 x 24 x 9 cm. (escultura)


segunda-feira, setembro 16, 2019

Artbid - Leilão 1337 / Lote 25


Artbid - Leilão 1337 / Lote 25
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003) (2)
Sem título
2 Litografias sobre papel
Uma com assinatura e data 1967 impressas
21,5 x 16 cm. (maior)


sexta-feira, setembro 13, 2019

Artbid - Leilão 1340 / Lote 13


Artbid - Leilão 1340 / Lote 13
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Figura masculina
Escultura em bronze patinado
Sem assinatura
30 cm. (alt.)


sexta-feira, setembro 06, 2019

Artbid - Leilão 1332 / Lote 17



Artbid - Leilão 1332 / Lote 17
MANUEL PEREIRA DA SILVA (1920-2003)
Sem título
Esferográfica sobre cartolina
Assinado e datado de 1978
59 x 42 cm.

sexta-feira, agosto 09, 2019

II Exposição de Arte Moderna de Viana do Castelo



II Exposição de Arte Moderna de Viana do Castelo realizada pelo Museu Regional de Viana do Castelo, em Setembro de 1959, esta exposição esteve patente ao público nas seguintes cidades, em Coimbra, organizada pelo Círculo de Artes Plásticas da Associação Académica, em Dezembro de 1959 e nas Caldas da Rainha, organizada pelo Conjunto Cénico Caldense, em Janeiro de 1960, com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, planificada e organizada pelo Dr. Manuel de Sousa Oliveira.


A arte mesmo quando pareça muito afastada da vida é sempre um seu reflexo, não no sentido de imitação, como erradamente se tem interpretado a definição aristotélica, mas no de fonte da criação expressiva.


Esta exposição de artistas modernos portugueses a despeito do energético cuidado da sua organização, não pode, bem entendido, dar o panorama completo da nossa arte. No entanto, ilustra dignamente a transformação processada, em especial neste último decénio, no acerto europeu do nosso passo. E certamente terá proporcionado aos visitantes interessados o familiarizarem-se não só com aspetos característicos da arte de hoje como alguns dos nomes mais representativos das novas fileiras de Lisboa e Porto. Manuel Pereira da Silva é um dos 37 artistas presentes, com duas esculturas e duas pinturas.


Escola De Artes Decorativas Soares dos Reis



Escola De Artes Decorativas Soares dos Reis
O Ensino Técnico Artístico no Porto
Durante o Estado Novo (1948-1973)
Francisco Perfeito Caetano
Ed. Universidade do Porto
(2012)
ISBN 978-989-8265-87-6

A atual Escola Artística de Soares dos Reis foi criada oficialmente em Janeiro de 1884, sendo designada nessa altura como Escola de Desenho Industrial de Faria de Guimarães do Bonfim. A sua atividade iniciou-se um ano mais tarde em instalações precárias de um prédio de habitação no Campo 24 de Agosto.

Em 1917, a escola recebe ordem de despejo e passa a ocupar as antigas instalações do Liceu Alexandre Herculano, na Rua de Santo Ildefonso.

Em 1927 é autorizada a compra de uma velha fábrica de chapéus, na Rua Firmeza, 49. Em 1931 é criado o curso de habilitação à Escola de Belas Artes. A Escola dá cursos de cinzelador, gravador de aço, marceneiro, ourives, modista, tecelão debuxador, entalhador entre outros.

A partir de 1948, a Escola, agora denominada Escola de Artes Decorativas de Soares dos Reis, passa a ministrar cursos especializados de índole artística - Pintura Decorativa, Escultura Decorativa, Cerâmica Decorativa, Mobiliário Artístico, Cinzelador e, entre outros, as Artes Gráficas. Com a reforma do ensino secundário em 1972/73, introduzem-se os Cursos Gerais e Complementares de Artes Visuais, incluindo Artes dos Tecidos, Equipamento e Decoração, Artes do Fogo, Artes Gráficas e Imagem.

Em 2008, 124 anos após a sua fundação, a agora denominada Escola Artística de Soares dos Reis muda-se finalmente para um novo edifício na rua Major David Magno, onde antes se encontrava a Escola Secundária de Oliveira Martins. Obra da empresa pública Parque Escolar, o edifício é desenhado pelo arquiteto Carlos Prata e faz parte da fase piloto do projeto de requalificação do parque escolar do ensino secundário público nacional. Mantendo a fachada da antiga escola, todo o interior é renovado ou construído de novo de modo a receber os Cursos Artísticos Especializados criados em 2004.

Mantendo o seu projeto educativo que consiste num ensino artístico de excelência que alia a exigência na formação geral ao profissionalismo e paixão colocados na formação técnica e artística, a Soares dos Reis é hoje uma instituição de ensino de referência na cidade do Porto e no País. A equipa de professores com formação especializada conjuga juventude e experiência numa rara mistura que é receita de sucesso, hoje complementada por instalações que são das melhores do país para o ensino das artes.

Tendo em atenção a importância de ser sede de estagiários (centro de estágio) para uma instituição como a Escola Soares dos Reis, e ter no seu seio professores estagiários, consideramos relevante referir aqui os nomes e classificações dos estagiários do 5ºgrupo, constantes no livro de atas “para classificação dos professores estagiários” correspondentes aos 1º e 2º ano de estágio. São eles Mário Truta, 14 e 15 valores (1952-1953); Manuel Pereira da Silva, 15 e 17 valores (1966-1967); entre muitos outros professores estagiários.


Alguns dos professores da Escola Soares dos Reis tiveram um impacto profundo no panorama artístico nacional entre eles destacam-se Sousa Caldas, Mário Truta e Manuel Pereira da Silva.

Após uma I Exposição, nas instalações da Escola Superior de Belas Artes do Porto, com esculturas (referem-se por nossa opção, apenas os escultores) de Altino Maia, Mário Truta, Arlindo Rocha, Serafim Teixeira, Augusto Tavares e Manuel Pereira da Silva, as exposições independentes passam a ter lugar fora da escola e várias vezes fora do Porto. É um primeiro exemplo de descentralização e vontade de difusão que, apesar de tudo, não evitará uma certa marginalização dos artistas do Porto em relação aos acontecimentos e iniciativas de maior visibilidade e impacto na capital.

Importância bem maior teve a I Exposição dos Independentes em Abril de 1943. A arte abstrata portuguesa está historicamente ligada às exposições independentes cujo principal organizador e animador, Fernando Lanhas, é coincidentemente a figura central desse abstracionismo.

A II Exposição Independente apresenta-se, em Fevereiro de 1944, no Ateneu Comercial do Porto, com esculturas de Altino Maia, Arlindo Rocha, Eduardo Tavares, Joaquim Meireles Manuel da Cunha Monteiro, Maria Graciosa de Carvalho, Mário Truta, M. Félix de Brito, Manuel Pereira da Silva e Serafim Teixeira. Será a partir daí que a ação de Fernando Lanhas se fará sentir, na consistente qualidade dos catálogos e das exposições, bem como na persistência em manter vivas as iniciativas.

A III Exposição Independente tem lugar, no mesmo ano, no salão do Coliseu do Porto, com esculturas de Abel Salazar, Altino Maia, António Azevedo, Arlindo Rocha, Eduardo Tavares, Henrique Moreira, Manuel Pereira da Silva, Mário Truta e Sousa Caldas.

No catálogo da exposição, em itinerância por Coimbra, Leiria e Lisboa, em 1945, esclarece-se que o nome de “independente” não é um nome ao acaso, mas implica a consciência de que a arte é um património da humanidade e daí “a nossa variadíssima presença”, atendendo-se que o presente deve ativar-se para alcançar o futuro, não se podendo negar ao passado o direito de recordar-se.

Para Fernando Lanhas as “Exposições Independentes” do Porto marcam um momento histórico significativo na nossa pintura e escultura. Primeiro porque reúnem pintores e escultores de formação diferente (a razão de ser da palavra independente vem da não filiação num “ismo” particular), empenhados numa igual ação coletiva e mergulhados no mesmo entusiasmo. Segundo porque nelas aparece, sem preconceitos nem complexos, essa abstração original e fecunda. E em terceiro lugar porque escapam à voracidade centralizadora da capital.